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Lei antifumo já provoca mudanças

Com a proximidade da restrição, restaurantes e bares estão deixando de lado o hábito de colocar cinzeiro na mesa

Deh Oliveira
Do Diário do Grande ABC
11/05/2009 | 07:09
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Prevista para entrar em vigor em agosto, a lei estadual que proíbe o fumo em ambientes fechados, sancionada pelo governador José Serra (PSDB) na quinta-feira, já provoca mudanças de comportamento em bares e nos frequentadores desses estabelecimentos no Grande ABC.

Com a proximidade da restrição, alguns restaurantes, bares e similares estão deixando de lado alguns hábitos. "Desde quinta-feira eu não coloco cinzeiro em nenhuma mesa, só se o cliente pedir", afirma Geraldo Freire da Costa, gerente do bar O Maria, no bairro Jardim, em Santo André.

Segundo ele, o anúncio da lei já provocou mudança no comportamento de alguns clientes fumantes. "Quem não quer incomodar os outros sai e vai para a calçada", explica. Costa afirma que se tornou cada vez mais comum a clientela fumante entrar no estabelecimento e perguntar se pode fumar.

A mudança no comportamento dos fumantes também foi detectada por Agnaldo Antonio de Souza, gerente do El Botin, também em Santo André. "Já dá para perceber um pouco de mudança sim. A clientela, quando quer fumar, vai para fora ou pergunta se pode fumar no local." A exemplo do O Maria, o estabelecimento também só fornece cinzeiros aos clientes que pedem.

No restaurante Questo Pasta, segundo o gerente, as mudanças só ocorrerão a partir do dia em que a lei entrar em vigor. "Aí nem na parte de fora eu vou deixar fumar", explicou José Alves Pompeu, encarregado do estabelecimento, apontando para uma área externa coberta por um toldo, mas fechado por cortinas nas laterais. A lei permite que se fume apenas em áreas externas de bares e restaurantes, mesmo que cobertas por toldos, mas sem paredes nas laterais.

Segundo o gerente do Questo Pasta, a proximidade da vigência da lei antifumo está causando mudanças não só no comportamento de tabagistas, mas também no de não-fumantes, que passaram a reclamar mais, principalmente em locais que servem refeições. "Um cliente se queixou que a fumaça do cigarro de outro cliente estava incomodando", contou Pompeu.

Fumantes prometem colaborar

Se a fumaça que exala de seus cigarros incomoda muita gente, alguns fumantes, afetados diretamente pela nova lei, mostram-se resignados e afirmam não se sentirem vítimas de preconceito ou importunados por ter de deixar o ambiente para dar algumas tragadas. No que depender desse grupo, a lei funcionará na prática.

"Se não puder, simplesmente não fumo. Se der muita vontade, eu saio. Tem de pensar pelo lado dos outros. Sei que é incomodo mesmo", admite o teleoperador Rodrigo Silva Santana, 19 anos, frequentador do Vera Bar, em São Bernardo.

Segundo sua amiga, a auxiliar administrativa Monique da Silva Tavares, 20, ambos têm o hábito de fumar quando ingerem bebidas alcoólicas. "Mas posso passar sem cigarro, com certeza", garante.

O casal de namorados Douglas Correia Lima, 25, e Flávia Lotto, 24, também não veem como empecilho ter de sair do ambiente para acender cigarro. "Acho que fumar em lugares abertos tudo bem, mas em local fechado não", opina Flávia.

Douglas, contudo, faz uma ressalva e acredita que simplesmente dividir o ambiente em área para fumantes e não fumantes, não resolve o problema. "Não tem jeito, a fumaça invade."

DESACORDO
Se de um lado uma parcela dos tabagistas se mostra sensível a lei e até solidária a quem não fuma, há quem prometa que se tiver de optar entre o cigarro e a vida noturna ficará com o primeiro.

"Acho a lei um absurdo. Cadê a democracia? Barzinho não é como um local de trabalho. Vou deixar de sair por causa do cigarro", brada a gerente comercial Katia Calcagni, 32.

Patrícia Balduque, 32, também não vê com bons olhos as restrições aos fumantes em bares e restaurantes.

"Me incomoda bastante ter de sair (do local de diversão) para fumar. Porque quando eu saio, é porque tive um dia estressante, então, quero relaxar", explica. Ela defende a ideia de que os estabelecimentos reservassem uma área menor para acomodar os fumantes.

Quando foi aprovada na Assembleia Legislativa, a lei era mais dura e bania o fumo mesmo nas áreas externas dos restaurantes e bares, caso houvesse toldos.

A lei, porém, manteve a proibição ao cigarro nos locais fechados e ainda restringe a instalação de fumódromos em empresas.

Fiscais do governo farão campanha educativa em junho

Pelo menos 500 fiscais da Vigilância Sanitária iniciarão no próximo mês uma série de blitze educativas em 28 cidades do Estado para orientar os donos de bares, restaurantes, danceterias e hotéis a cumprir a recente lei antifumo.

O grupo divulgará a importância das novas regras e as penalidades previstas para quem permitir o fumo nos ambientes fechados. As operações serão realizadas prioritariamente no período noturno e madrugadas.

O governo do Estado também preparou uma ofensiva com peças publicitárias a serem veiculadas em jornais, revistas e em outdoors espalhados pelas cidades do Interior. As ações também terão espaço na internet, onde um portal vai oferecer informações complementares.

Entre as cidades contempladas na primeira etapa da campanha estão Santo André, Mogi das Cruzes, Araçatuba, Araraquara, Assis, Barretos, Bauru, Botucatu, Campinas, Franca, Marília, Piracicaba, Presidente Prudente e Presidente Venceslau. (Da APJ)




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