Muitos podem olhar os caquis dispostos sobre as bancadas da cozinha experimental do projeto Beija Flor, no loteamento Sítio Joaninha, em Diadema, e achar que eles não servem para consumo por estar maduros demais. Ali, porém, crianças e adolescentes dos 9 aos 18 anos aprendem que é possível aproveitar integralmente os alimentos, mesmo aqueles que parecem não estar tão bons assim. O resultado é um suco excelente que leva, além dos caquis, talos de vegetais colhidos direto da horta do espaço. A aula de culinária e reaproveitamento faz parte do projeto Nutri Ação, implantado pela ONG no ano passado.
Na colorida cozinha experimental, que conta com cinco bancadas e todo o equipamento necessário para elaborar deliciosas receitas, 50 alunos de duas turmas das escolas municipais Florestan Fernandes e Freitas Nobre aprendem como ter uma alimentação natural e mais saudável, atividade inserida no programa Cidade na Escola, que hoje beneficia 3.200 alunos da rede municipal. O projeto também atende participantes de outras atividades oferecidas pela Rede Cultural Beija Flor, além de 25 famílias de baixa renda moradoras do núcleo.
A iniciativa estimula a doação dos alimentos que não são vendidos na feira do Eldorado e, consequentemente iriam para o lixo, para famílias do loteamento. “Dessa forma, minimizamos o desperdício e também aproveitamos para ensinar as pessoas a separar e manipular esses alimentos aqui na cozinha”, explica Leiah. A coordenadora também destaca que o projeto ajudou a resolver um problema social: muitos moradores acabavam indo até a feira e recolhendo esses alimentos do chão. “Trouxemos mais dignidade a eles.”
Das 24 barracas da feira do Eldorado, que ocorre aos domingos, 18 são parceiras do projeto. São arrecadados entre 400 e 500 quilos de alimentos semanalmente.
AULAS
Para o gestor da entidade, Altamir Oliveira, tudo é uma questão de olhar. “Aqui o alimento é construído de forma atrativa, além do ambiente, um lugar bonito inserido dentro de uma comunidade extremamente carente. O olhar é a janela para a alma. É por meio do visual que incentivamos a mudança do pensamento alimentar.”
Cozinha incentiva práticas em casa
Rosilene Fernandes dos Santos lembra dos ensinamentos sobre a pirâmide alimentar, que a ajudaram a controlar melhor o que ela come. “O que aprendo aqui, repasso para a minha família.”
O cardápio inclui arroz e feijão servido diariamente, com exceção das quintas-feiras, quando será oferecida uma massa, como macarrão. Haverá também uma opção de carne, frango ou peixe, legumes e verduras todos os dias no prato dos estudantes. “Sabemos que para muitas das crianças esta será a refeição mais importante do dia, por isso, precisa ser nutricionalmente completa. Com o prato montado assim, o aluno também se sacia mais facilmente e não há desperdício”, garante Michels.
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