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Aumenta tensão entre muçulmanos e hindus na Índia
Das Agências
27/02/2002 | 09:43
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A tensão religiosa e política aumentou consideravelmente esta quarta-feira no Norte da Índia, dez anos depois que radicais hindus destruíram uma mesquita nessa região e desencadearam violentas rebeliões.

Milhares de efetivos da segurança foram posicionados nos arredores da cidade de Ayodhya, onde uns 15 mil militantes hindus de direita se congregaram à espera de que chegue o prazo de 15 de março para começar a construir um templo sobre as ruínas da mesquita de Babri, datada do século XVI.

O perigo de que sejam registrados novos atos de violência ficou claro esta quarta-feira, quando 45 pessoas (balanço parcial) morreram no incêndio criminoso de um trem em que viajavam militantes hindus. O trem foi atacado por uma multidão furiosa, em um distrito predominantemente muçulmano do estado de Gujarat (oeste), de acordo com um alto funcionário local.

A controvérsia sobre este lugar se encontra atualmente nas mãos dos tribunais indianos. No entanto, Vishwa Hindu Parishad (Concílio Mundial Hindu, radical), que lidera a campanha para construir o templo, está decidido a cumprir com o prazo de 15 de março, desafiando qualquer tipo de sanção legal.

O secretário do Interior de Gujarat, Gordhanbhai Zadafia, disse que o trem expresso que levava os militantes hindus de Ayodhya foi detido pouco de partir da estação de Godhra, a pouca distância da cidade de Vadora. "Primeiro lançaram algumas pedras e depois atearam fogo aos vagões", afirmou Zadafia, acrescentando que foi instaurado um toque de recolher na zona.

Um policial assinalou que os ativistas hindus que viajavam no trem cantavam slogans em apoio à campanha para construir o templo em Ayodhya. NO local, o chefe da polícia do distrito, R. P. Singh, disse que seus homens estavam em alerta máxima para prevenir uma explosão de violência.

"Existem uns 3 mil membros das forças de segurança dentro e em torno da zona em questão. Além disso, outros 8 mil homens estão sempre prontos", disse Singh.

A disputa de Ayodhya data de 1853, quando a seita hindu Nirmohis alegou que a estrutura da mesquita lhe pertencia, afirmando que se encontrava no lugar onde antes havia existido um templo destruído pelo rei Babar.

Esta terça-feira o governo indiano advertiu novamente aos militantes hindus que não se aproximassem do lugar da mesquita destruída. "Sabemos o que aconteceu em 1992 e lhes asseguro que não permitiremos que 1992 se repita", declarou o ministro do Interior L. K. Advani. Pouco antes, o primeiro-ministro Atal Behari Vajpayee havia convocado uma reunião de todos partidos para discutir esta questão.

O partido nacionalista hindu BJP de Vajyapee e seus aliados de direita foram associados há tempos à questão de Ayodhya. Vários de seus ministros, incluindo Advani, foram acusados de incitar a destruição da mesquita, em 1992.




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