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Grande ABC adota ações de prevenção ao novo coronavírus

Prefeituras e hospitais privados implementam medidas: treinar equipes, criação de comitê e orientação

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
Vanessa Soares
Do Diário do Grande ABC
Yasmin Assagra
Do Diário do Grande ABC
27/02/2020 | 00:45
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Denis Maciel/DGABC


Após a confirmação do primeiro caso do novo coronavírus, o Covid-19, no Brasil, na manhã de ontem, as administrações municipais da região adotaram ou ampliaram ações de prevenção contra a doença. Seis, das sete cidades, agora contam com procedimentos que vão desde treinamentos com equipes de saúde à criação de comitês destinados a fazer o monitoramento do vírus. Rio Grande da Serra foi a única a não responder aos questionamentos do Diário. Unidades da rede privada também adotam medidas de prevenção, caso da Rede D’Or, onde atendentes usam máscaras e totens orientam usuários em português, inglês e chinês.

A Prefeitura de Santo André informou que está com todos os seus serviços e equipes preparados para realizar o atendimento adequado em relação ao coronavírus, caso tenha necessidade.

No caso de São Bernardo, a Prefeitura criou o comitê de combate ao coronavírus e implementou ficha de notificação municipal sobre os casos suspeitos e o envio de informe técnico para todos os profissionais da saúde. Em paralelo, treinamentos estão sendo ofertados por plataforma on-line do Estado aos agentes de saúde.

São Caetano também já adotou medidas de prevenção, como aquisição de insumos – como máscaras – para profissionais e pacientes, criação de comitê de emergência, com equipes da Secretaria de Saúde e o repasse de informações – se houver casos suspeitos – de todas as coletas de exames ao Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo.

A administração de Diadema informou que, no dia 7 de fevereiro, há havia criado o grupo de resposta à emergência em saúde pública do coronavírus, com o objetivo de planejar medidas de emergência e divulgar à população informações relativas à prevenção da doença. Reuniões ocorrem semanalmente com técnicos da Secretaria de Saúde, Coordenadoria de Vigilância à Saúde, Urgência e Emergência – pronto-socorro, pronto atendimento e Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).

Por outro lado, a Prefeitura de Mauá se limitou a informar que definiu medidas de acompanhamento em caso de ocorrências e, se necessário, já estabeleceu plano de trabalho de contenção. 

Em Ribeirão Pires, na última semana, a Secretaria de Saúde realizou treinamento para equipes de atendimento das redes pública e privada. Na ocasião, os procedimentos informados aos profissionais seguiram o boletim epidemiológico do Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública do Ministério da Saúde, que, além do diagnóstico, incluiu tratamento e atendimento (isolamento, avaliação e encaminhamentos) e medidas de prevenção e controle.

CENÁRIO
Em coletiva de imprensa, o secretário de Vigilância em Saúde do Estado, Wanderson Kleber de Oliveira, informou que no Brasil existem 20 casos suspeitos do vírus sob investigação, dos quais 11 em São Paulo, que lidera a relação.

Governo do Estado lança centro de contingência para monitorar doença

O governo do Estado de São Paulo criou o Centro de Contingência do Coronavírus, comitê coordenado pelo infectologista e reitor da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), David Uip, que vai monitorar e atuar para conter novos casos de contaminação pelo coronavírus, o Covid-19.

Farão parte do comitê integrantes de diferentes instituições públicas e privadas, como a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), a FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e o Hospital Albert Einstein.

Em coletiva de imprensa realizada para apresentar as medidas que têm sido tomadas após a confirmação do primeiro caso da doença no País, um empresário paulistano de 61 anos que esteve na Itália, David Uip destacou que o novo coronavírus, a exemplo de outras infecções respiratórias, causa epidemias mais em locais frios.

“Não sabemos ainda como o vírus vai se comportar no verão brasileiro. Agora que temos um caso, é possível a vigilância epidemiológica fazer todo esse trabalho de monitoramento”, pontuou. “O nosso trabalho é impedir que o vírus se espalhe”, afirmou o secretário executivo de Saúde do Estado de São Paulo, Alberto Nakamura.

Na mesma coletiva, a vigilância sanitária da Prefeitura de São Paulo anunciou que vai monitorar por 14 dias todas as pessoas que tiveram contato com o paciente. Até o momento, são acompanhados 30 familiares que estiveram com o homem no domingo e ao menos 16 pessoas que estiveram no mesmo voo, sendo que quatro delas estão no Estado de São Paulo.

No momento, País ainda está livre de ameaça de surto, dizem especialistas

Apesar da confirmação do primeiro caso do novo coronavírus no Brasil, médicos infectologistas garantem que ainda não há motivos para preocupação para possível surto nacional. Isso porque, o paciente de São Paulo foi infectado na Itália, que já confirmou 400 casos e 12 mortes decorrentes de complicações da infecção. “Ainda não temos nenhum caso de transmissão local. Em outras palavras, o vírus ainda não está circulando na nossa população”, explicou Michel Soane, PhD em infectologia e gerente de pesquisa e desenvolvimento da Euroimmun.

Juvencio Dualibe Furtado, professor de infectologia da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) e chefe do departamento de infectologia do Hospital Heliópolis, na Capital, alerta que é preciso ficar atento aos números de casos que chegarão ao País e quanto tempo o vírus ficará circulando, uma vez que a doença tem capacidade invasiva grande e se propaga com mais facilidade no frio. “O vírus chegou no verão, mas se permanecer até a época mais fria, as condições de transmissão pioram.”

Por se tratar de doença respiratória, o contágio é passado de pessoa para pessoa por meio de micropartículas liberadas quando o indivíduo infectado tosse ou espirra, ou ainda por gotículas de saliva, liberadas pela fala.

Ações simples como lavar constantemente as mãos com água e sabão ou fazer higienização com álcool em gel, manter distância de um metro (três passos) de pessoas que estejam tossindo ou espirrando e cobrir o rosto quando tossir, diminuem o risco de contágio. “Essas recomendações valem também na prevenção de outros vírus e infecções”, acrescenta Soane.




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