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Ator de teatro, mas
que faz televisão
Sara Saar
Do Diário do Grande ABC
16/05/2011 | 07:00
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O ator Marcos Caruso não gosta da estabilidade em nenhum aspecto. "Eu preciso me sentir necessitado. Seja financeiramente, seja emocionalmente, seja profissionalmente", diz.

A estabilidade sempre vem acompanhada do comodismo. "Ao se acomodar, você acaba se tornando menos criativo porque você não precisa: ‘a minha conta está cheia, não há com o que me preocupar, vou trabalhar só cinco horas por dia'. Se você sente a água bater, vai à luta", compara. A necessidade é a mãe da criatividade.

Caruso tem 38 anos de profissão, "dos quais 38 foram dedicados quase que exclusivamente ao teatro", afirma o ator, diretor e autor. A televisão aconteceu pontualmente na vida do artista, que se considera um ator de teatro que está fazendo TV.

Atualmente, ele anda satisfeito com a novela "Cordel Encantado", exibida pela Rede Globo. Ele interpreta o prefeito Patácio Peixoto, um típico pau-mandado e sujeito que adora discurso. "Eu agradeço muito no sentido de poder mostrar esse meu lado cômico na televisão que, em dez anos de Rede Globo, não havia tido oportunidade." Entre os papéis mais marcantes, estão o Carlão, em "Mulheres Apaixonadas" (2003), e Alex, em "Páginas da Vida" (2006).

No palco, Caruso sempre usa o humor para discutir temas como a política e a economia brasileira. "Cada um tem a sua arma para usar. Na época da ditadura, enquanto as pessoas jogavam bombas, eu fazia teatro, usava o palco como palanque". E, dentro do teatro, a arma de Caruso é o humor. "Se eu posso fazer, através do riso, com que as pessoas reflitam, eu vou fazer", posiciona-se. "O humor é arma poderosa porque você relaxa quando ri. Relaxado, consegue absorver melhor."

Sem o palco, Caruso admite que não pode viver. "A televisão tem vocação para rotular as pessoas. Os atores acabam fazendo sempre os mesmos papéis. E o teatro te desengessa."

Para conciliar trabalhos em diferentes mídias, ele é organizado. Vive de horários. "Sou uma pessoa que faz muitas coisas. Dirijo, escrevo, atuo não só no teatro como na televisão e no cinema. Tive de organizar a minha vida. Então, eu tenho tempo para tudo: ver a minha família, fazer teatro e televisão, praticar esporte."

Embora nunca tenha precisado da telinha para divulgar o trabalho teatral, é evidente que a TV se torna vitrine. "A televisão é um lugar que te projeta, onde você às vezes ganha melhor, às vezes pior. Mas eu sempre ganhei melhor no teatro. Os meus espetáculos fizeram sucesso por quatro ou cinco anos", revela.

Caruso também já escreveu novelas, como "A História de Ana Raio e Zé Trovão"(1990, com reprise no SBT neste ano)mas não ousa mais. "Para escrever novela, você precisa ter 100% do seu tempo dedicado a isso. Eu preciso dedicar o tempo a várias coisas simultaneamente. Isso me dá prazer." Já fazer seriado interessa. "Quanto à novela, existe muita gente de talento. A televisão não precisa de mim."

Segundo ele, os primeiros nomes são os mesmos porque envelhecem com talento. "Você não pode jogar Silvio de Abreu fora, Manoel Carlos fora, Benedito Rui Barbosa fora só porque é o mesmo", afirma. E acrescenta: "A safra de gente nova vem vindo como colaboradores e futuros autores."




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