A Agência de Desenvolvimento do Grande ABC ganhou ontem novo corpo diretivo, e com ele grande desafio: orçamento reduzido em torno de dois terços. Sob o comando do prefeito de Santo André, Paulo Serra (PSDB), a Agência terá para este ano receita de, no máximo, R$ 500 mil, segundo revelou ao Diário.

Em 2016, para se ter ideia, o orçamento para Agência era de R$ 1,45 milhão. Do montante, R$ 710 mil foram provenientes do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, que bancava 49% da arrecadação. No entanto, a partir deste ano a entidade não irá mais contribuir com a Agência.

A verba do ano passado quitava essencialmente a folha de pagamentos dos empregados. A drástica redução, de acordo com Joaquim Celso Freire da Silva, professor da USCS e vice-presidente da Agência por duas gestões, já surtiu efeito na prática. “De sete funcionários hoje há apenas três. Também foram cortados alguns serviços”, contou.

Para buscar outras fontes de recursos a fim de sustentar a atividade da Agência, Paulo Serra afirmou que irá ampliar a participação de empresas do Grande ABC. “Vamos recuperar a vocação original da Agência, que se perdeu nos últimos anos: fomentar a economia local e estimular o crescimento das empresas”, disse. “Vou pessoalmente pedir a empresários e associações comerciais que participem da Agência.”

O primeiro passo, após ampliar a presença da iniciativa privada, será promover maior desburocratização nas sete cidades, além de criar lei de incentivo fiscal que atenda a toda a região. “Temos de mostrar que o Grande ABC, independentemente da cidade, é ambiente interessante para desenvolver negócios. Afinal, juntos somos o quinto maior polo consumidor do País (R$ 66,9 bilhões), e o quarto maior PIB (Produto Interno Bruto, de R$ 120,1 bilhões) do Brasil.”

Em Santo André, o prefeito disse que se levava até dois anos, dependendo da área de atuação, para abrir empresa. E que, após a adesão ao Via Rápida Empresa, no início do ano, esse tempo caiu para até 30 dias, no máximo. “O Sonda Supermercados levou mais de três anos para conseguir abrir unidade na Praça Chile. Acho que só não desistiu porque o terreno era próprio. Isso não pode mais acontecer, e em nenhuma cidade do Grande ABC.”

Marcus Bassi, reitor da USCS e eleito ontem vice-presidente da Agência, assina embaixo. “É preciso pensar no prédio como um todo. Precisamos romper essa barreira regional. As gestões anteriores costumavam olhar apenas para as suas cidades”, assinalou ele, que fará dupla com o prefeito andreense pelos próximos dois anos.

MUDANÇA DE PERFIL - De acordo com Paulo Serra, o objetivo é ser cada vez menos dependente do setor público. “Conversei com o Orlando (Morando, prefeito de São Bernardo e presidente do Consórcio) e decidimos reduzir os desembolsos das prefeituras com a Agência para algo em torno de R$ 5.000 por mês. Queremos uma Agência mais independente.”

No começo deste ano, Morando anunciou o corte no repasse de verbas por parte do Consórcio. O motivo para a suspensão se deu devido à determinação do TCE (Tribunal de Contas do Estado), que apontou irregularidades no método da transferência de recursos. Na opinião de Silva, o repasse poderia voltar quando a tramitação no Tribunal se der por encerrada, fato que foi negado por Paulo Serra, que reafirmou querer gestão com maior participação da iniciativa privada.

Questionado sobre a possível saída do prefeito de Diadema, Lauro Michels (PV), da Agência, o chefe do Executivo andreense se esquivou e respondeu que “Santo André está firme e forte nas reuniões”.