Política Titulo São Caetano
Aciscs utilizou recurso público para refeição com chope, diz TCE

Verba do Natal Iluminado de S.Caetano custeou alimentação com cerveja; tribunal sugere multa

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
10/05/2019 | 07:50
Compartilhar notícia


Órgão de fiscalização do TCE (Tribunal de Contas do Estado) apontou existência de “graves falhas” na prestação de contas do convênio para realização do Natal Iluminado de 2016 entre a Prefeitura de São Caetano, na gestão do ex-prefeito Paulo Pinheiro (DEM), e a Aciscs (Associação Comercial e Industrial de São Caetano), à época gerida por Walter Estevam Junior. Chama atenção o fato de a entidade ter utilizado o recurso público para custear refeição com chope e cerveja.

Entre os itens questionados estão a falta de apresentação de documentação por parte da empresa contratada para organizar o evento – a VBX Light Indústria, Comércio e Serviços Decorativos, admitida pela Aciscs –, ausência de comprovação da utilização de R$ 300 mil repassados à terceirizada e até desvio de finalidade do objeto do convênio, pois com dinheiro público foi comprada série de itens sorteados.

O Diário teve acesso ao relatório assinado por Aline Roberta da Silva, chefe técnica de fiscalização do TCE, e seu parecer é claro: o contrato é irregular e há necessidade de aplicação de multa nos envolvidos. Agora, esse documento vai percorrer outros departamentos da corte até ser analisado por um conselheiro. Se ele seguir a recomendação, o convênio é considerado irregular e os responsáveis, punidos.

Os questionamentos começam já na decisão da Aciscs em terceirizar a realização do Natal Iluminado para a VBX. Na visão da chefe técnica, a firma não poderia ter sido contratada porque não apresentou em tempo hábil a documentação necessária para contratação. “Fato grave que deveria ter resultado em sua desclassificação, e não em sua escolha, demonstrando que a empresa declarada vencedora foi favorecida em detrimento da competitividade mais benéfica ao gasto público”, disse Aline.

O convênio demandou R$ 1,2 milhão, sendo R$ 1 milhão repassado para a Aciscs e R$ 200 mil em contrapartida municipal. A associação comercial, por sua vez, destinou R$ 747 mil para a VBX, sendo R$ 700 mil para serviços relativos ao objeto do acordo e R$ 47 mil para que a sede da entidade fosse decorada. Segundo a chefe técnica do TCE, dos R$ 700 mil enviados à empresa para realização do serviço, R$ 300 mil não foram devidamente comprovados.

Uma das notas fiscais anexadas à prestação de contas é de uma refeição, contendo chope e cerveja, no valor de R$ 335,35. Ou seja, o dinheiro público para organização do Natal Iluminado custeou até alimentação com bebida alcoólica.

Houve também crítica ao fato de o dinheiro público ter sido usado para compra de produtos sorteados no Natal Iluminado. O TCE alertou que R$ 200 mil foram para aquisição de notebooks, micro-ondas, televisão, celulares, videogames e até um carro.

Estevam argumentou que “o parecer da técnica foi motivado pelo parecer conclusivo (feito pela comissão especial da Prefeitura que analisou o caso). Vamos agora nos habilitar no TCE para apresentar a defesa da associação”. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;