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Presidente paraguaio diz que curto-circuito provocou incêndio
Da AFP
05/08/2004 | 20:15
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O presidente do Paraguai, Nicanor Duarte, disse que "os primeiros dados indicam que foi um curto-circuito" que provocou o devastador incêndio que destruiu um hipermercado, no último domingo, em Assunção, capital, matando cerca de 400 pessoas.

Em visita ao local da tragédia, Duarte afirmou que a maior parte das mortes foi provocada pela ordem de fechar as portas do estabelecimento, a fim de evitar que os clientes saíssem sem pagar. "As pessoas ficaram presas. Por isso o número de vítimas foi tão grande. Aqui no térreo morreram muitas pessoas. Além do mais, o sistema de evacuação não era adequado a um local onde muita gente circula", disse.

Segundo um dos responsáveis pelas investigações, o promotor Edgar Sánchez, o hipermercado "era um caixão com duas pequenas saídas".

Crianças- Entre as vítimas, cerca de 40 são crianças. A ministra paraguaia da Infância e da Adolescência, Mercedes de Buzó, disse que 70% dos mortos e feridos são crianças ou adolescentes.

"Não temos os números exatos porque ainda há corpos para serem identificados, mas há pelo menos 40 crianças", afirmou ela.

O porta-voz da polícia paraguaia, Santiago Velazco, disse que a maioria das crianças estava no parquinho de diversões no momento em que o incêndio começou. Como a maioria dos corpos ficou carbonizada, a identificação das crianças está sendo difícil.

Muitos dos corpos foram reconhecidos por sinais, como o de Leandro Rodrigo Canzanella, 7 anos, que carregava um ioiô amarrado em sua mão. Seu irmão, Luís, 13 anos, conseguiu se sair do hipermercado e ainda salvou irmão menor de 2 anos.

"Estávamos no carro, no estacionamento. Corri com meu irmãozinho e assim que consegui deixar o local, o guarda fechou as portas", disse o sobrevivente.

Uma menina de 14 anos, Selva Delgado, contou como salvou seus cinco irmãos menores e outras duas crianças. "A gente estava no estacionamento. Tudo era fogo e fumaça. Agarrei meu irmão de 3 anos e corremos todos para a saída, mas o portão estava fechado. Então comecei a gritar. Meu irmãozinho conseguiu sair por um espaço no portão. Depois de algum tempo gritando por ajuda, os bombeiros chegaram e abriram o portão para que todos saíssem, inclusive dois meninos desconhecidos que se agarraram nas minhas pernas".

O caso mais comentado pela opinião pública vem sendo o do salvamento de um bebê de 4 anos pela polícia. O bebê foi salvo depois de receber respiração boca a boca.

Inspeção- Pelo menos 30 peritos estrangeiros buscam estabelecer as causas da tragédia em Assunção. Nesta quinta-feira eles voltaram a inspecionar o lugar da tragédia para determinar as causas do incêndio. As autoridades paraguaias afirmaram que o incêndio foi provocado por uma faísca que fez o escapamento de gás explodir.

"Descartamos a hipótese de ataque terrorista. Evidentemente, as pessoas morreram por causa sobretudo do fechamento da portas de saída", disse o ministro do Interior.

Diante da quantidade de acusações, o filho do dono do supermercado, Daniel Paiva, culpou o gerente do centro comercial, Vicente Ruiz, que morreu no local, de ter dado a ordem de fechar as portas.

A maioria dos guardas responsáveis pelo fechamento das portas escapou, mas quatro estão detidos e foram acusados, ao lado dos proprietários, por "homicídio doloso".




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