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Bento XVI comete primeiro incidente diplomático
Da AFP
26/07/2005 | 14:22
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Um esquecimento do Papa, que não mencionou Israel entre os países vítimas do terrorismo durante seu último Ângelus, provocou a ira do governo israelense e é o primeiro incidente diplomático do pontificado de Bento XVI.

Após a convocação na segunda-feira do núncio apostólico em Jerusalém, no Ministério das Relações Exteriores israelense, o Vaticano reagiu, por sua vez, acusando Israel de usar um pretexto para deformar as intenções do papa.

A discrepância entre Israel e a Santa Sé acontece menos de três semanas depois de um convite transmitido a Bento XVI pelo primeiro-ministro, Ariel Sharon, e no momento em que Israel acaba de confirmar o compromisso do novo papa de prosseguir seus esforços de aproximação de João Paulo II com o judaísmo.

O fator desencadeante desta polêmica foi uma frase de Bento XVI depois do Ângelus, celebrado no domingo em seu local de férias no vale de Aosta (Alpes italianos).

O Papa condenou 'os atentados terroristas execráveis que golpearam vários países, entre eles Egito, Turquia, Iraque e Grã-Bretanha”, mas não citou Israel, alvo freqüente de atentados suicidas.

O Ministério israelense das Relações Exteriores não se contentou com a publicação na segunda-feira de um comunicado lamentando o esquecimento que, segundo ele, poderá reforçar os extremistas opostos à paz e debilitar aos palestinos moderados.

 O Vaticano expressou nesta terça-feira sua surpresa ante a reação, que considerou desproporcionada. "É surpreendente que se tenha desejado utilizar assim um pretexto para deformar a intenção do Santo Padre", declarou o porta-voz do Vaticano, Joaquín Navarro Valls.

Este ressaltou que o papa se referia explicitamente em suas declarações aos atentados destes últimos dias, dando a entender assim que os de Netanya já eram velhos para um Ângelus que se refere aos acontecimentos da semana em curso.

"É evidente que o grave atentado de Netanya, ao que se refere a parte israelense, entra na condenação geral e sem reservas do terrorismo", acrescentou o porta-voz em um comunicado.

O incidente evidencia a complexidade das relações entre Israel e a Santa Sé, além das declarações de amizade. A diplomacia vaticana quer seguir ativa no Oriente Médio em nome da defesa dos locais santos do cristianismo e do futuro das comunidades cristãs que vivem na região.




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