ABC da Economia Titulo Coluna
Empreendedorismo feminino na região
Alessandra Santos Rosa
01/10/2021 | 00:01
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As constantes mudanças na estrutura econômica, o avanço da tecnologia e as transformações no mundo do trabalho (entre elas a precarização e a escassez da mão de obra), têm proporcionado o aumento expressivo do empreendedorismo, especialmente no que diz respeito aos negócios de pequeno porte, como é o caso dos MEIs (Microempreendedores Individuais). 

Para obter uma perspectiva do empreendedorismo feminino no Grande ABC, foi realizado questionário para empreendedoras dos sete municípios (77 responderam). O mesmo foi baseado em pesquisas sobre o tema como GEM 2019, Sebrae e RMA (Rede Mulher Empreendedora). 

Uma das perguntas para as empreendedoras foi sobre quem seria o principal responsável pela renda da família, e foi observado que 53,25 % declaram que o parceiro ainda é o principal responsável pela renda da casa. Entretanto, 32,5% se declararam responsáveis pela renda familiar. Pela pesquisa da RMA, 44% das mulheres questionadas são chefes de família. Pela pesquisa do Sebrae (2019), baseado em dados da Pnad (2018), este dado demonstra um avanço no decorrer dos anos pesquisados: em 2015, 38% das mulheres empreendedoras (empregadores + conta própria) se declaravam chefe do domicílio, em contrapartida de 49% sendo o cônjuge o responsável pela renda; em 2016, este comparativo aparece sendo 42% a mulher e 43%, o cônjuge; já em 2017, a partir do segundo trimestre, as mulheres já superam o percentual, sendo 44%, e o homem, 41%. No primeiro trimestre de 2018 esta realidade permanece, sendo 45% as mulheres e 41%, os homens. 

Quanto à motivação para empreender, a pesquisa GEM (2019) aponta que 88,4% dos empreendedores em geral (sem estratificação por gênero) iniciaram seus negócios ‘para ganhar a vida porque os empregos são escassos’. Para a RMA (2017), as mulheres empreendem para ‘trabalhar com o que gostam, alcançar sucesso e obter lucro, para ter qualidade de vida e para conciliar as atividades da casa e demandas da família com o trabalho’. Já no estudo apresentado pelo Sebrae (2019), 40,1% das empreendedoras precisavam de uma fonte de renda e 33,6% queriam ser independentes. 

No questionário realizado com as empreendedoras do Grande ABC encontrou-se as seguintes respostas: 33,8% sonho (sempre quis ter um negócio); 19,50% necessidade (diminuição da renda ou desemprego); 29,9% desejo de independência (não queria mais depender de renda de outras pessoas); 37,7% queriam mudar de carreira ; 24,7% oportunidade; 29,9% completar renda existente; 1,3% não conseguiu conciliar a maternidade; 1,3% dificuldade para voltar ao trabalho após ter filhos; 3,9% outros. 

Quanto ao perfil geral dos negócios, observou-se que, das respondentes do Grande ABC, 41,6% se declaram não formalizadas, 39% se declaram MEI e 11,7% Simples Nacional. Apenas 5,2% são EPP. O relatório do Sebrae (2019) apontou que apenas 30% das empreendedoras são formalizadas, ou seja, o índice do Grande ABC é maior. Podemos afirmar que estes dados são semelhantes aos encontrados pelas respondentes do Grande ABC. 

Quanto às ferramentas para manutenção e sobrevivência dos negócios, o presidente do Sebrae, Carlos Melles, em entrevista para a Agência Brasil, afirmou que uma boa gestão financeira, maior facilidade na obtenção de crédito e cursos de formação podem garantir uma maior estabilidade das empresas, especialmente as pequenas. 

Assim, verificou-se que, quanto à tentativa de empréstimos, 88,3% disseram que nunca tentaram e das que tentaram, 83,1% disseram que não conseguiram. Sobre a divulgação do seu negócio, foi perguntado qual era o principal meio de divulgação utilizado e obtivemos as seguintes respostas (ressalte-se que as respondentes podiam selecionar mais de uma resposta): Facebook (53,2%); Instagram (74%); sites (9,1%); WhatsApp (66,2%); boca a boca (76,6%) e outros (5,2%). 

Quanto ao controle financeiro, 44,2% afirmam utilizar planilha de excel, 39% utilizam caderno de anotações, 7,8% afirmam utilizar um software específico e 9,1% diz não realizar controle financeiro específico. 

Pelos dados apresentados podemos evidenciar que o perfil das empreendedoras no Grande ABC segue os parâmetros demonstrados em pesquisas nacionais, por importantes órgãos de pesquisa. Infelizmente as dificuldades observadas nestes estudos também perpetuam na região, considerada de alto poder de investimentos e negócios e berço de políticas públicas. 

O conteúdo desta coluna foi elaborado por Alessandra Santos Rosa. mestra em administração pela USCS. Foi coordenadora de desenvolvimento econômico da cidade de São Paulo. É assessora técnica da reitoria da USCS e pesquisadora do Observatório Conjuscs. 




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