O grito de guerra foi mesmo o previsível “Bota pra f...!”. Assim, pouco mais de 700 pessoas se manifestaram em coro pelo Camisa de Vênus, sexta-feira, no Via Funchal, em São Paulo.

O grupo não tocava em São Paulo desde o lançamento de Quem É Você?, em 1996 – uma reunião especial ocorreu em 2005 para o Festival do Verão de Salvador, na Bahia.

O show teve início com a clássica Simca Chambord, prontamente emendada com duas músicas de Camisa de Vênus, o primeiro álbum, de 1983: Dogmas Tecnofascistas e Bete Morreu.

Marcelo Nova, ao microfone, comentou a visita de Bento XVI com seu costumeiro estilo (para dizer o mínimo) irreverente. “Estão (os fãs) muito selvagens para o papa!”.

A banda mostrou um entrosamento que só os veteranos podem ter. Além disso, conseguiram misturar momentos mais calmos com seu rock característico.

Após Morte ao Anoitecer vieram Hoje (que recentemente ganhou uma versão do Charlie Brown Jr.), Ladrão de Banco, Só o Fim e Gotham City, esta escrita por Jards Macalé e que Marcelo Nova considera como um dos grandes momentos de sua vida musical.

Depois, os “velhinhos” do Camisa ainda tiveram fôlego de sobra. Marcelo brincou com o público. Disse que parou com as drogas e perguntou se o público desejava algo mais tranqüilo. Balbuciou trechos de João Gilberto, zombou do virtuosimo do heavy metal e seguiu o show com músicas dos primeiros álbuns: Metástase, O Adventista e Sílvia.

Pastor João e a Igreja Invisível, fruto da excelente parceria com Raul Seixas, e Eu Não Matei Joana D’Arc foram as pauleiras bisadas.

No fim, uma constatação: o quase falido rock brasileiro precisa de uma chacoalhada como essa. (Supervisão de Ricardo Ditchun)