É triste, porém verdadeiro, constatar que aqui ninguém conhece o Brasil e muito menos tem qualquer expectativa sobre o rendimento do País na Olimpíada. Os pouquíssimos chineses que sabem alguma coisinha do Brasil referem-se exclusivamente ao futebol com alegria.

Bom sinal! Mas é só isso. América significa Estados Unidos. Não tem pra mais ninguém. E não fazemos mesmo por merecer. Falta muito para que sejamos considerados um país de primeiro mundo. Igualmente quando o assunto é Olimpíada.

Os chineses gastaram muito dinheiro para organizar a mais cara competição olímpica da história. Estão se esforçando e se desdobrando para oferecer o que há de melhor.
Algumas coisas eles não conseguem dominar. O tempo e a atmosfera, por exemplo. Jamais imaginei que fosse encontrar Pequim desta forma. A cidade lembra a Cubatão dos anos 1980. Ou pior! Com esse calor e a falta de chuva é impossível ficar na rua por muito tempo.

Confesso que não entendo como 50 milhões de pessoas podem viver com dignidade nesta cidade. Não se enxerga nada com mais de 200 metros de distância. Uma pena realmente.

O céu é cinzento e triste. Nem a redução do trabalho nas indústrias e o rodízio de carros conseguiram diminuir essa coisa feia e lamentável.

Todos os atletas que competirem ao ar livrer vão sofrer. A maratona, por exemplo, esporte nobre e muito aguardado, deverá apresentar tempos pífios para atletas olímpicos. Quem viver, verá!

FRASES

"César Cielo pode ganhar uma medalha. Vai depender de como ele acordar no dia da final."
Gustavo Borges, medalhista olímpico e comentarista de televisão

"O Tande vai trabalhar muito. O esporte dele é a segunda prioridade na Globo. O meu está por baixo."
Oscar Shimidt, medalhista pan-americano e comentarista de televisão.

"Lula vai aproveitar sua vinda a Pequim para pedir votos para o Brasil."
Carlos Arthur Nusman, presidente do COB, pensando que Olimpíada é Pan-Americano.

"Cuba não acabou e vai surpreender positivamente."
Roberto Morales, colunista de O Gramma, jornal oficial do partido comunista.

NOTÍCIAS

- O ministro do Esporte, Orlando Silva, estava visivelmente desconfortável na cerimônia de hasteamento da bandeira brasileira na Vila Olímpica. Vestindo terno preto e gravata, ele não suportava o calor de Pequim e a todo momento queria saber quando poderia entrar no seu carro com ar- condicionado.

- O Norte de Pequim - onde antes era uma floresta -, depois da construção do Ninho de Pássaro, Cubo D'Água, Vila Olímpica e Media Village, virou uma pequena cidade. Vários prédios foram construídos, modernas avenidas cortam a região e é certeza que esta será em breve uma das regiões mais valorizadas da cidade.

- Sun Weijia, diretor de Operações do Centro de Mídia, considera que sua equipe está treinada, preparada e pronta para atender os 20 mil jornalistas de todo mundo. Os interesses são muito distintos e por isso foi necessário montar um exército polivalente de estrutura que até agora está sendo muito elogiado.

- João Havelange desfez qualquer possível divergência entre o COI e a Fifa. Hoje, as duas entidades convivem civilizadamente. Mas no tempo que o brasileiro comandava a Fifa, não era dos mais cordiais o relacionamento com o espanhol Juan Antonio Samaranch, que na época presidia o COI.

TOQUE FINAL

É inacreditável! A China tem a imprensa controlada, não há liberdade de opinião, mas mesmo assim, disparado, o maior contingente de jornalistas registrados no Comitê de Imprensa é justamente do país anfitrião da Olimpíada. Tenho tentado descobrir como são as pautas, se os repórteres são mesmo controlados e por quem. É verdade que o esporte, apesar de apaixonante em qualquer lugar do mundo, tem um enfoque diferente da política e economia.