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Morte de jovens em rituais choca a África do Sul
Das Agências
26/06/2002 | 12:31
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A morte de cinco adolescentes e a hospitalização de outros 50 depois de terem participado em cerimônias rituais de iniciação na região de Johannesburgo, na África do Sul, provocou a ira das famílias e também da imprensa e das autoridades sul-africanas, além de reativar a polêmica sobre a perpetuação de certas tradições.

Toda a imprensa sul-africana dedicava nesta quarta-feira sua primeira página à morte de cinco jovens em Heidelberg (60 km a sudeste de Johannesburgo), onde haviam participado de rituais de iniciação, que incluíam circunscisão e testes de resistência física.

À espera dos resultados da autópsia, a polícia indicou que os jovens foram severamente espancados, que alguns tinham ferimentos infectados e que talvez tenham morrido de frio, já que foram expulsos do acampamento de noite, quando as temperaturas chegam a dez graus abaixo de zero.

Outros 20 jovens da etnia sotho que participaram no mesmo ritual foram recuperados pela polícia, que teve muitas dificuldades de localizá-los nessa zona acidentada, apesar da busca feita em helicópteros e jipes. Dezoito deles foram hospitalizados. Quatro responsáveis do acampamento foram detidos.

Os jovens que foram submetidos aos rituais de iniciação estavam em "grave estado de comoção, tinham os órgãos genitais infectados, hematomas em todo o corpo e se encontravam fragilizados pela noite passada sem roupa", indicou a polícia.

Outros hospitais das cidades situados em um raio de até 80 km ao redor de Johannesburgo informaram sobre a hospitalização de adolescentes, 33 no total, com os mesmos sintomas depois de terem participado em rituais de iniciação.

No domingo passado, a polícia de Limpopo já havia anunciado a morte de um jovem de 18 anos por causa de uma circunscisão.

Todos os anos em dezembro ou em junho, coincidindo com as férias escolares, muitos jovens sul-africanos são hospitalizados em conseqüência dessas cerimônias, tradicionais nas etnias xhosa e sotho. "Apesar de ser uma tradição, isto escapa a todo o controle. Existem pessoas que morrem e isso é inaceitável", declaroiu Corrie Verster, funcionária da Saúde de Heidelberg, resumindo a opinião generalizada.

O jornal The Star citou a mãe de uma das vítimas, que disse que seu filho, de 16 anos, foi levado diretamente de sua escola para o acampamento e que ela só soube três dias depois por um de seus colegas de curso.

O jornal cita um membro do acampamento, de apenas 19 anos, que explicou que passar frio faz parte da iniciação para que os garotos "não sejam fracos como uma mulher", já que seu objetivo nesses rituais é "tornarem-se homens".




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