Empossado na segunda-feira como superintendente do Saesa (Sistema de Água, Esgoto e Saneamento Ambiental) de São Caetano, o advogado Marcelo Doval Mendes recebeu como tarefa prioritária do prefeito José Auricchio Júnior (PSDB) entabular conversa com a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) para que a empresa explique por que tem enviado água contaminada para cinco das sete cidades do Grande ABC, conforme reportagem publicada na semana passada pelo Diário. Trata-se de questionamento importantíssimo, pois da resposta depende a saúde de quase 3 milhões de pessoas.

A Sabesp, atualmente, trata e distribui água para seis das sete cidades. A exceção é justamente São Caetano – cuja autarquia, no entanto, compra água da companhia paulista. Exatamente por exercer o monopólio na região, a empresa deve explicações sobre as conclusões do estudo intitulado Mapa da Água, produzido pela ONG (Organização Não Governamental) Repórter Brasil e que pôs em xeque a qualidade de seu produto.

Com base em dados do Sisagua (Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano) de 2018 a 2020, o levantamente apontou que consumidores de Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema e Rio Grande da Serra receberam água com substâncias tóxicas em quantidades superiores às consideradas seguras.

Alguns componentes impróprios presentes na água distribuída pela empresa paulista podem, inclusive, contribuir para o surgimento de doenças gravíssimas no organismo humano, como câncer, ou causar a falência dos rins. Médico de formação, com histórico de atuação em questões sanitárias, Auricchio não tinha outra alternativa além da de fazer o alerta. A Sabesp, uma das principais companhias de saneamento básico do Brasil, com ações negociadas inclusive na Bolsa de Valores de Nova York, nos Estados Unidos, deve vir a público para se explicar. Se possui elementos que contrapõem o estudo da ONG, como assegura ter, este é o momento de apresentá-los.