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Tarifa zero se expande e vira campanha nacional
Frederico Rebello Nehme
Do Diário do Grande ABC
05/03/2005 | 19:08
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Uma campanha nacional contra as tarifas bancárias cobradas nas contas em que os trabalhadores recebem salário. Essa é a decisão que unirá as duas principais centrais sindicais do Brasil, CUT e Força Sindical, a ser lançada na próxima terça-feira. A iniciativa nasceu com os metalúrgicos do Grande ABC, com amplo sucesso e está ganhando a adesão de outras categorias. A campanha nacional quer ampliar ao máximo o número de trabalhadores beneficiados. Atualmente apenas metalúrgicos de algumas montadoras e autopeças estão isentos – 38 mil na região e quase 60 mil em todo o país.

A articulação da campanha está sendo encabeçada pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, filiado à CUT, pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, filiado à Força Sindical, e pela CNM (Confederação Nacional dos Metalúrgicos), ligada à CUT.

Além da negociação direta com bancos e empresas, a campanha também vai "lançar" politicamente o projeto de lei do deputado federal Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (PT-SP), apresentado à Câmara no último dia 24. A proposta prevê isenção para todos os trabalhadores que possuem contas funcionais – contas correntes abertas obrigatoriamente para recebimento de salários nas empresas –, o mesmo objetivo da campanha do Grande ABC.

"Queremos que a isenção se espalhe por todo o país, estruturando uma estratégia com base na experiência desenvolvida no Grande ABC. Num primeiro momento, vamos democratizar as informações sobre as negociações já realizadas, e depois trabalhar com duas frentes: novas negociações e o apoio ao projeto do deputado Vicentinho", afirma Carlos Alberto Grana, presidente da CNM, da CUT.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Eleno José Bezerra, da Força, afirma que ainda não há definição sobre quais categorias, além dos metalúrgicos, serão incentivadas a entrar na campanha primeiro. "Queremos agregar o máximo de categorias possível, com certeza, mas ainda não definimos quais serão as primeiras a serem trabalhadas."

José Lopez Feijóo, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, da CUT, diz que ainda não foi definido o caráter "formal" da unificação da campanha. "Não decidimos ainda se será uma campanha unificada oficialmente da CUT e da Força, mas com certeza o seu lançamento irá implicar em uma forte atuação conjunta das duas centrais", afirma.

A busca pela tarifa zero, no entanto, pode ser adotada posteriormente por outras centrais, segundo Grana, da CNM. "Não haverá restrições. Esperamos que essa idéia se estenda também para a CGT (Confederação Geral dos Trabalhadores), SDS (Social Democracia Sindical) e CAT (Central de Apoio ao Trabalhador), por exemplo", afirma.

Resultados – A campanha pela isenção de tarifas bancárias (que podem representar até R$ 323 anuais para um correntista) no Grande ABC teve início no segundo semestre de 2004, com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, e já garantiu o benefício para 38 mil trabalhadores da região e mais de 21,3 mil em outros pontos do país, segundo estimativa do próprio sindicato.

Atualmente, estão isentos os trabalhadores da Ford e Volkswagen (de São Bernardo e de outras regiões), Scania e Mercedes-Benz (que já possuíam o benefício antes da campanha) e autopeças como Makita, Mahle Metal Leve, Federal Mogul e Arteb. As negociações aconteceram com as empresas e os bancos responsáveis pelo pagamento dos funcionários – até agora, Unibanco, Bradesco, Itaú, HSBC e Banco do Brasil.




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