Política Titulo Vista grossa
CPI esquece doações da OAS a Morando

Alvo de investigação na Câmara de S.Bernardo contribuiu para campanhas de tucano à Assembleia

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
08/06/2021 | 00:47
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Denis Maciel/ DGABC


A CPI da OAS, que há 273 dias está instalada na Câmara de São Bernardo – contando o período da legislatura passada –, tem evitado aprofundar investigação sobre as doações que a construtora fez às campanhas do prefeito Orlando Morando (PSDB).

Conforme prestações de contas de campanha fornecidas pelo próprio político ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a construtora fez doações à empreitada dele em 2006 e em 2014, ambas exitosas na concorrência por vaga na Assembleia Legislativa.

Em 2006, a OAS doou R$ 150 mil. À ocasião, Morando recebeu 120.771 votos. Oito anos mais tarde, Morando concorreu à reeleição à Assembleia Legislativa e ele registrou novo aporte da OAS. Foram empenhados R$ 200 mil, por parte da construtora, para a campanha do tucano. À época, Morando atingiu 237.020 votos, terceiro melhor desempenho do Estado.

Até a eleição de 2014, a Justiça Eleitoral permitia a doação empresarial para empreitadas políticas. A regra só foi alterada para o pleito de 2016, justamente no ano em que Morando se elegeu prefeito.

A CPI da OAS foi inicialmente instalada no dia 9 de setembro do ano passado. Aquela legislatura chegou ao fim sem que nenhum passo concreto fosse dado. Assim, a casa aprovou a reabertura dos trabalhos neste ano, com nova leva de vereadores. Desde então, a CPI passou a registrar momentos de apuração.

O ápice aconteceu no dia 4 de maio, quando o ex-executivo da OAS José Ricardo Nogueira Breghirolli prestou depoimento à CPI, confirmou existência de pagamento de propina para agentes públicos da cidade e relatou que os valores irregulares poderiam ultrapassar a casa dos R$ 20 milhões.

Também foi nesta oitiva que o nome de Morando foi citado, porém, de forma tímida. Em meio à série de questionamentos a respeito da relação da empresa com o ex-prefeito Luiz Marinho (PT), o relator da CPI, Julinho Fuzari (DEM), perguntou se Breghirolli tinha conhecimento se algum pagamento de propina tinha ido para a atual administração. O delator disse que saiu da OAS em 2014, portanto, não tinha conhecimento. Não houve perguntas sobre o abastecimento financeiro às campanhas do tucano.

Presidente da CPI, o vereador Mauricio Cardozo (PSDB) negou que o bloco esteja fazendo vista grossa sobre as relações entre Morando e a construtora. “Em nenhum momento o pessoal falou de Orlando Morando. A gente perguntou se o pessoal tinha contato com o prefeito Orlando Morando, se tinha mandado propina para o prefeito e em momento nenhum falaram isso.”

Ao Diário, Morando disse que a OAS doou para os diretórios nacional e estadual do PSDB e que nunca houve transferência da empreiteira diretamente para ele. “Em momento algum a empresa efetuou qualquer depósito diretamente para a sua campanha, que teve sua prestação de contas devidamente aprovada pelos órgãos competentes, sem ressalva”, comentou. “Quanto à CPI em andamento na Câmara, o foco das investigações é apurar supostos pagamentos indevidos em obras da construtora no município, durante a gestão do ex-prefeito Luiz Marinho, do PT.” 




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