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Amor e dinheiro

Armas roubadas num centro de treinamento em Ribeirão Pires, SP, roubo de armas num depósito do Exército em Caçapava, SP, roubo de armas

Carlos Brickmann
18/03/2009 | 00:00
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Armas roubadas num centro de treinamento em Ribeirão Pires, SP, roubo de armas num depósito do Exército em Caçapava, SP, roubo de armas da Guarda Civil Metropolitana de São Paulo, assaltos a bancos, a carros-fortes, roubos de fardas, sempre extremamente violentos, sempre com mortes.

Pode ser coincidência, claro; mas parece formar-se um padrão de acumulação de armas pesadas e dinheiro para algum objetivo específico. Este colunista acredita que ninguém deverá se surpreender se armas, dinheiro e fardamento forem usados em ataques iguais aos que o PCC, Primeiro Comando da Capital, grupo criminoso comandado por bandidos presos em instituições de segurança máxima, mas que continuam mandando nas quadrilhas, já promoveu em São Paulo.

Talvez só a Polícia Civil se surpreenda - afinal, que é que podemos esperar depois de saber que cargos importantes de comando eram vendidos, o preço variando conforme sua capacidade de arrecadação de recursos? Um delegado ou comanda sua equipe ou cuida do faturamento ilegal; os dois juntos não dá.

A apatia oficial de um lado (o governador José Serra se recusa a responder a perguntas sobre o assunto, delegando a responsabilidade ao secretário da Segurança) e a movimentação dos bandidos, de outro, nublam nossas perspectivas de futuro. Mesmo que não haja nenhuma operação criminosa maciça em preparo, o simples fato de que criminosos ajam com tranquilidade, buscando armas nos arsenais adquiridos com recursos públicos, é trágico para um País civilizado.

A ARMA É O SILÊNCIO

O radialista João Alckmin, de São José dos Campos, SP, sofreu atentado a tiros no fim de 2007, por sua dura campanha contra as máquinas caça-níqueis. Como as investigações não andavam, Alckmin enviou e-mail ao chefe da Casa Civil do Governo, Aloysio Nunes Ferreira Filho (possível candidato tucano ao governo), pedindo providências e lembrando que seria difícil chegar à verdade: a assistente do seccional de polícia, delegada Ana Paula Medeiros Monteiro de Barros, estava sendo processada, segundo o Ministério Público, por envolvimento com máquinas caça-níqueis; o delegado Carlos Alberto Monteiro Bastos era processado por narcotráfico. Além disso, completa Alckmin, 22 delegados de polícia de São José dos Campos o processaram, em virtude das acusações que lhes fez (perderam tudo). Aloysio recebeu o e-mail há mais de um ano - e até hoje não disse nada. As investigações até hoje também não andaram. A íntegra do e-mail de Alckmin está em www.brickmann.com.br/artigos.php.

FALA, PROTÓGENES!

O novo depoimento do delegado Protógenes Queiroz, da Operação Satiagraha (que por duas vezes prendeu o banqueiro Daniel Dantas, do grupo Opportunity), promete ser explosivo: Protógenes diz que, na Comissão Parlamentar de Inquérito sobre Escutas Clandestinas, vai contar tudo o que apurou sobre corrupção no Brasil. Promete, especificamente, revelar em que condições foram compradas as terras de Daniel Dantas no Pará e quais "os interesses escusos" por trás delas. O depoimento de Protógenes Queiroz na CPI está marcado para o dia 1º.

POBRE POUPANÇA

Traduzindo as declarações do presidente Lula sobre as mudanças que deixarão a poupança só para o pequeno poupador: ele quer baixar os rendimentos. Com a queda dos juros do Banco Central, ficou mais vantajoso, em certos casos, aplicar em poupança, e não em títulos do governo. Como o governo depende da venda desses títulos para cobrir suas despesas, a solução é baixar a poupança. E o poupador? Ora, nas altas esferas quem se preocupa com o pequeno poupador?

‘PERDIA'

O presidente da República vai ficar surpreendidíssimo, o ministro da Fazenda vai ficar chocado, a ministra Dilma vai manifestar seu protesto, mas a união de operações entre Sadia e Perdigão, qualquer que seja sua abrangência, vai provocar demissões - aliás, é para isso, para reduzir os custos, que as duas empresas pensam na Perdia. Esta é a segunda tentativa: a primeira, em que a Sadia absorveria a Perdigão, não deu certo. Desta vez, a coisa pode ocorrer passo a passo, unindo-se, por exemplo, a distribuição (como jornais concorrentes já fazem), e mais tarde, pausadamente, juntando outras áreas e trocando partes do capital.




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