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Contribuinte bate recorde no pagamento de impostos
Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
27/07/2010 | 09:47
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O contribuinte bateu recorde no pagamento de impostos. Ontem, foi atingida a marca de R$ 700 bilhões arrecadados desde o início do ano, o que significa o pagamento de R$ 100 bilhões em tributos por mês. O valor foi registrado pelo Impostômetro, painel digital instalado no centro de São Paulo, na sede da ACSP (Associação Comercial de São Paulo).

No ano passado, quando o País vivia os reflexos da crise financeira internacional e o governo determinou a isenção do pagamento do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) na compra de veículos e linha branca - que continuaram, em proporções menores, até o início deste ano -, o montante foi alcançado 41 dias depois. "Isso significa que o governo tem margem para trabalhar incentivando a população ao consumo de bens e serviços, como fez durante a turbulência, com a desoneração de impostos", afirma Leticia do Amaral, diretora do IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário).

Mesmo em 2008, período em que a economia estava à pleno vapor, os R$ 700 bilhões foram arrecadados 45 dias depois. "É recorde absoluto. Se continuar assim, devemos superar qualquer marca de recolhimento de impostos", aponta Leticia.

O Grande ABC contribuiu com R$ 914,76 milhões do total, sendo São Bernardo e Santo André os municípios que mais pagaram impostos, R$ 407,11 milhões e R$ 182,14 milhões, respectivamente (veja arte ao lado).

De acordo com a diretora do IBPT, boa parte da elevação das contribuições se deve ao reaquecimento da economia e ao crescimento do emprego formal, o que manteve o aumento do consumo. "Sem contar os eventos da Copa do Mundo e das Olimpíadas, e a exploração do pré-sal, que já começa a movimentar gastos com infraestrutura e publicidade, o que vai render ainda mais tributos ao governo."

Os impostos que mais contribuíram ao recorde foram IRPF (Imposto de Renda Pessoa Física), IRPJ (Imposto de Renda Pessoa Jurídica), IPI, contribuições previdenciárias e ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços).

O aumento da carga tributária em escala crescente vem desde o início dos anos 1990, quando o pagamento de impostos correspondia a 25% do PIB (Produto Interno Bruto) e se considerava isso um absurdo. Hoje, para se ter ideia, esse percentual chega a 38%.

Destinação - Com tanto dinheiro entrando nos cofres públicos, o contribuinte deve se perguntar: para onde vai tudo isso? "Deveria ir para as melhorias na Saúde, Educação e infraestrutura públicas", explica Alencar Burti, presidente da ACSP. "Porém, o governo sempre diz que nunca tem verba para nada. Eles aumentam as despesas e comprometem os investimentos. Por isso, hoje nem penso mais em reforma tributária, mas em reforma política."

Em sua avaliação, Burti aponta que, enquanto o Brasil não for administrado como a grande empresa que é, não será um País desenvolvido. "É um absurdo cinco meses do nosso trabalho ser destinado ao pagamento de impostos. Por isso cada vez mais pequenos e médios empresários caminham para a informalidade."




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