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Criatividade para enfrentar mosquito
Raphael Rocha
18/01/2016 | 07:00
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Na guerra contra o Aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunya e zika, alguns municípios decidiram ir além da tradicional conscientização pelas equipes de vigilância sanitária. Em Águas de Santa Bárbara, no Interior, por exemplo, a prefeitura firmou parceria com seis padarias para usar as embalagens de pães como canal de convocação para a prevenção à proliferação do mosquito. Os sacos exibem as frases “Combater a dengue é tão importante quanto o pão nosso de cada dia. Não deixe água parada em sua residência”, ilustradas com a imagem do Aedes. Ações como palestras, caminhadas, eventos em feiras abertas, mutirões de limpeza, apresentações de teatro para crianças e o engajamento de igrejas, comerciantes e imprensa também são formas criativas e eficientes de se ampliar as mensagens de prevenção. Em Borda da Mata (Minas Gerais), até drone tem sido usado para se chegar a locais de mais difícil acesso. As autoridades acreditam que, sem a participação da população, será impossível reduzir a presença do mosquito nos domicílios, ruas e terrenos. É considerado em situação de risco o município que apresenta larvas de mosquitos em mais de 3,9% dos imóveis pesquisados. Até dezembro de 2015, os casos notificados de dengue no País foram três vezes mais do que os registrados no ano anterior. Em 2016, o total deve ser superior a 2 milhões de ocorrências notificadas, sem considerar os casos que não chegam ao conhecimento da saúde pública.

Corte de verbas
Nesta tragédia nacional, é bom lembrar que o repasse de recursos federais destinados à vigilância em Saúde teve redução de 15% em 2015. Além disso, decisão adotada pelo Ministério da Saúde, como parte da política de contenção de gastos do governo federal em função da queda de arrecadação, reduziu substancialmente a quantidade de agentes comunitários e de combate às endemias, o que certamente impactou o trabalho devolvido pelas prefeituras. As prefeituras mais afetadas são as das regiões mais pobres do País, mas, com a migração interna, o vírus se espalha rapidamente. Já chegou ao Rio Grande do Sul, que era considerado área de baixo risco até há alguns anos.

Quatro sorotipos
A dengue é doença infecciosa, causada por arbovírus, e possui quatro classificações em sorotipos diferentes de vírus: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. As epidemias geralmente ocorrem no verão, especialmente na combinação de chuva e calor. Febre alta, dor de cabeça, dor atrás dos olhos e dores nas costas são sintomas comuns do dengue clássico. Também podem aparecer manchas vermelhas no corpo e a febre pode permanecer por cinco dias, com melhora progressiva dos sintomas em dez dias. Há ainda casos hemorrágicos, com sangramentos discretos na boca, na urina e nariz.

Zika
A maior epidemia já registrada no mundo por vírus zika ocorre atualmente no Brasil, segundo o infectologista e coordenador de controle de doenças da Secretaria da Saúde de São Paulo, Marcos Boulos. O especialista afirma que as prefeituras erraram ao não manterem grupo técnico permanente de controle do vetor. Segundo o governo federal, há 3.530 casos suspeitos de microcefalia relacionada ao vírus zika em recém-nascidos notificados entre 22 de outubro de 2015 e 9 de janeiro. As notificações da malformação foram registradas em 724 municípios de 21 Estados.

Mapa
O Estado de Pernambuco, primeiro a identificar o aumento de casos de microcefalia, tem o maior número de casos suspeitos (1.236), equivalente a 35% do total registrado em todo o País. Em seguida, estão Paraíba (569), Bahia (450), Ceará (192), Rio Grande do Norte (181), Sergipe (155), Alagoas (149), Mato Grosso (129) e Rio de Janeiro (122).

Microcefalia
O vírus zika teria começado a circular no Brasil em 2014, segundo acreditam pesquisadores, mas só teve os primeiros registros feitos pelo oficialmente em maio de 2015. O que se sabia sobre a doença, até o segundo semestre de 2015, era que sua evolução é benigna e que os sintomas são mais leves do que os da dengue e da febre chikungunya, transmitidas pelo mesmo mosquito. Porém, no dia 28 de novembro, o Ministério da Saúde confirmou que, quando gestantes são infectadas pelo zika, especialmente nos três primeiros meses de gravidez, podem gerar crianças com microcefalia, uma malformação irreversível do cérebro, associada a danos mentais, visuais e auditivos.




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