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Renato Russo era perfeccionista
Dojival Filho
Do Diário do Grande ABC
13/07/2009 | 07:06
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Melhor vocalista e letrista do rock nacional em todos os tempos, segundo enquete promovida pelo Diário com 80 músicos, o ex-líder do Legião Urbana Renato Russo (1960-1996) primava pelo perfeccionismo. Gostava de trabalhar intensamente nas canções da banda, conhecida por retratar com sensibilidade o universo dos jovens nascidos sob a ditadura militar e que, a partir do processo de redemocratização, nos anos 1980, puderam expressar suas inquietações.

"Geralmente, ele demorava muito tempo para fazer as letras. Fazíamos primeiro as músicas, ele marcava as métricas e trabalhava em casa", recorda o ex-guitarrista do Legião Urbana, Dado Villa-Lobos.

Criado em Brasília, em 1982, por Russo e o baterista Marcelo Bonfá, o grupo lançou oito álbuns de estúdio (o último, Uma Outra Estação, foi lançado em 1997, após a morte do cantor, vítima de complicações decorrentes do vírus da Aids).

DISCOS E CONTEXTOS - Ao analisar as letras dos discos, Dado faz uma analogia entre as fases vividas pelos legionários e os contextos político e cultural do País. "O primeiro disco é mais visceral. O Dois tem outra pegada e atmosfera mais intimista. No Que País é Esse?, voltamos ao nosso passado. O As Quatro Estações é mais ecumênico, com letras espirituais. O V retrata aquele período conturbado em que o Collor era presidente. Em O Descobrimento do Brasil, havia a redescoberta do que éramos como nação. Em A Tempestade ou o Livro dos Dias, já estávamos no fim."

SURPRESA - Autor da recém-lançada biografia Renato Russo - O Filho da Revolução, o jornalista paraibano radicado em Brasília Carlos Marcelo surpreendeu-se com o reconhecimento póstumo da classe artística ao talento do ídolo. "Não deixa de ser interessante esse resultado porque o Renato não era uma unanimidade quando surgiu. Muitas pessoas faziam brincadeiras e falavam que a voz dele era parecida demais com a do Jerry Adriani", afirma.

Carlos Marcelo ressalta ainda que Russo representa caso raro no rock brasileiro de artista que conseguiu conciliar belas interpretações e letras inspiradas. "Cazuza e Herbert Vianna eram considerados bons letristas, mas não eram vistos como grandes cantores. Mais que a qualidade técnica, acho que foi reconhecida a capacidade de expressão do Renato."




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