Apesar de o Grande ABC ter arrecadado só nos seis primeiros meses deste ano aproximadamente R$ 71 milhões provenientes de multas aplicadas em cinco municípios, vias da região ainda sofrem com o investimento precário destinado a melhorias de sinalização, fluidez do trânsito das cidades, resultantes desses recursos contabilizados. Responsáveis por abrigar os dois radares campeões na aplicação de multas no Grande ABC, a Avenida Doutor Ulysses Guimarães, em Diadema, e Rua Coronel Seabra, em Santo André, são vias que apresentam diversos problemas para motoristas e pedestres que passam por elas.

Em Diadema, por exemplo, além das faixas de pedestres – localizadas próximas ao detector campeão de multa – estarem apagadas, usuários sofrem com a ausência de semáforos destinados aos transeuntes. “Não sei para onde vai o dinheiro arrecadado com essas multas. A avenida (Doutor Ulysses Guimarães) está cheia de buracos”, relata o gerente de um posto de gasolina da região Paulo Lima, 50 anos.

Em Santo André, na Rua Coronel Seabra, altura do número 263, buracos e falta de sinalização também são reclamações recorrentes. Entretanto, o que mais revolta os usuários é a ausência de avisos sobre o radar. “Eles colocam radar sem deixar placas para informar sobre o detector, mas depois de arrecadarem bastante, não repõem a placa de sinalização que caiu com a chuva”, relata o taxista Joaquim Carlos Gonçalves, 55.

De acordo com o professor da UFABC especialista em Engenharia na área de Transportes José Alex Sant’ Anna, atualmente os radares “não são para multar, mas sim para arrecadar”.

Segundo o especialista em engenharia na área de Transportes, exemplo disso pode ser visto pelo aumento no número de autuações. “Se os detectores funcionassem mesmo para educar, os índices de multas iriam abaixar. Mas, o que notamos é que não existe uma legislação específica para radares, com isso, os órgãos públicos só os veem como método para ganhar dinheiro, que infelizmente não é revertido para melhorias do viário.”