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São Caetano na onda do rúgbi
Anderson Fattori
Do Diário do Grande ABC
07/04/2013 | 07:00
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Ricardo Trida/DGABC


Uma ideia, um grupo de amigos e muita força de vontade. A soma dos três ingredientes fez surgir em São Caetano o Tyrannus Rugby, composto por atletas que deixaram de lado esportes tradicionais como futebol e vôlei e se arrastam, literalmente, atrás de uma bola oval. A equipe, fundada em 2011, ainda engatinha na questão estrutural, mas sonha grande, como participar efetivamente da montagem da Seleção Brasileira nos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro.

Parecia loucura quando Ronald Bittencourt voltou ao Brasil após período na Inglaterra trazendo na bagagem o amor pelo rúgbi. Na terra da rainha, onde a modalidade ocupa grande fatia nos noticiários esportivos, ele havia composto o time do Cinque Ports, no qual aprendeu e se apaixonou. Uma ligação para Rodrigo Felipe e, pronto, estava formado o embrião do Tyrannus. "Tinha essa vontade desde que voltei ao Brasil e conseguimos colocar em prática", comemora Ronald.

Aos poucos, amigos e parentes se juntaram para conhecer mais da modalidade. Assim, o Tyrannus ganhou corpo e hoje conta com cerca de 20 atletas que treinam duas vezes por semana no Serc Santa Maria, em São Caetano. "Aqui é um espaço para fazer amigos e praticar rúgbi. Queremos passar a filosofia do esporte para o maior número de pessoas possível", enfatiza Ronald, lembrando que novos atletas, com ou sem experiência, magro, gordo, alto ou baixo, pode se juntar ao time, bastando entrar em contato pelo telefone 99732-5955 ou pelo site www.tyrannusrugby.com.br.

No time existem atletas experientes e outros que estão entrando agora para a modalidade. Eduardo Tosello, por exemplo, viu pela primeira vez o esporte pela TV, procurou na Internet e, em poucos dias, já estava treinando no Tyrannus. "Era totalmente sedentário e o rúgbi mudou a minha vida. Hoje faço Educação Física e estou me especializando", conta ele, um dos mais baixos da equipe. "Como digo: rúgbi uma vez, rúgbi sempre", completa Murillo Conceição, que é de São Caetano.

Um dos principais mitos da modalidade é que os praticantes sofrem com lesões. Os jogadores, porém, garantem que isso não é verdade. "Pratico rúgbi há pelo menos cinco anos e nunca me machuquei sério. Os contatos são inevitáveis, mas é um esporte no qual é possível se controlar, sabemos exatamente o que está acontecendo com o jogo e dá para se proteger. O que tem mesmo são os machucados pelas quedas, mas coisas simples", ressalta Murillo.

Consolidado e com campo para treinamento cedido em parceria com a Prefeitura de São Caetano, o Tyrannus agora se prepara para os desafios da temporada. O sonho é disputar os campeonatos estaduais e nacionais a partir de setembro, quando o técnico Ricardo Frederico Bonfante, que é argentino, projeta o time mais bem estruturado.

 

Modalidade evolui rapidamente no Brasil

Há cinco anos, falar de rúgbi no Brasil era assunto para especialistas. O esporte, muito difundido na Europa, era pouco conhecido no País até 2009, quando o Comitê Olímpico Internacional incluiu a modalidade nos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, na categoria seven (jogado por sete atletas). Como sede, o Brasil ganhou vaga automática e o Comitê Olímpico Brasileiro exigiu a criação de uma confederação que pudesse receber verbas das leis de incentivo ao esporte.

Rapidamente, a modalidade recebeu investidas de empresas privadas e passou a ganhar espaço. A reposta do público foi quase que imediata, tanto que em 2012, em confronto válido pela repescagem sul-americana da eliminatória para a Copa do Mundo de 2015, o Brasil derrotou o Paraguai por 35 a 22, sob olhares de 7.000 torcedores no Estádio Nicolau Alayon, em São Paulo, maior público da história do esporte no País.

Em campo, a Seleção Brasileira também tem evoluído. Em três anos, o time masculino passou de 45º para 27º no ranking mundial, enquanto que as mulheres terminaram na décima posição no último Campeonato Mundial, realizado em Dubai, em 2009.

 

REGRAS
O rúgbi é jogado em campo bem parecido com o de futebol e tem regras específicas. O grande objetivo é colocar a bola em formato oval na área chamada de gol na extremidade do campo, mas não vale chutar ou arremessar, é preciso entrar com a bola nas mãos e colocar no chão para ser pontuado. Outra curiosidade é que a bola só pode ser passada a companheiro que está trás.

Quem assiste pela primeira vez um jogo de rúgbi se assusta com os inevitáveis contatos físicos, chamados de placagem. Só pode ser interceptado o jogador que estiver com a posse de bola e o contato tem que ser com as mãos, nunca com os membros inferiores.

Outra característica é a reposição de lateral, quando os times formam linhas paralelas e levantam os companheiros para tentar receber a bola no ar, em manobra conhecida como elevador.

 

Equipe conta com apoio de experiente dirigente carioca

O Tyrannus não é mais um desses sonhos que se acabam juntamente com o entusiasmo dos fundadores. Para garantir boa estrutura e saber exatamente em qual terreno estão pisando, os mandatários da equipe contam com conselhos de Ian Turnbull, 65 anos, ex-jogador e fundador do Niterói Rúgby, um dos principais clubes do País que, em dezembro, completa 40 anos.

Filho de escocês e com o rúgbi correndo em suas veias desde criança, o carioca acompanha de perto cada passo do Tyrannus. Sabe como poucos que se consolidar na modalidade no Brasil é muito complicado, mas ensina os atalhos para que o time não se perca no meio do caminho.

"Lógico que tudo gira em torno do apoio da iniciativa privada. Todo início é complicado, mas eles estão indo na direção certa. O importante é ter uma base fixa para suportar as inevitáveis mudanças e os entra e sai de jogadores. Estou aqui justamente para dar esse suporte neste começo, porque sei como é difícil fazer rúgbi no Brasil", observa Ian.




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