Economia Titulo Aquecimento
Produção de veículos cresce 42,2% em outubro

Melhor resultado para o mês desde 2014 foi puxado pela alta de 66,6% das exportações

Gabriel Russini
Especial para o Diário
09/11/2017 | 07:23
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Nario Barbosa/DGABC


Em sinergia com a recente recuperação das vendas, a produção de veículos segue em alta no País em 2017. Em outubro, 249,9 mil veículos foram fabricados, alta de 42,2% na comparação com o mesmo mês no ano passado, quando 175,7 mil unidades haviam sido produzidas. Trata-se do melhor resultado para o mês desde 2014.

O bom desempenho mantém em alta o ritmo de fabricação entre os meses de janeiro e outubro, quando cerca de 2,23 milhões de veículos saíram das montadoras. O volume é 28,5% maior do que o produzido ao longo dos dez meses de 2016, que contou com 1,74 milhão de unidades, então o pior resultado desde 2003. Os dados são de levantamento mensal realizado pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), que inclui carros de passeio, comerciais leves (picapes, furgões, utilitários e afins), caminhões e ônibus.

Na avaliação do professor e especialista em cadeia automotiva da FGV (Fundação Getulio Vargas) Antonio Jorge Martins, o mercado externo acabou contribuindo para reviravolta no setor no último ano. “Já fomos fortes exportadores uma década atrás, mas abandonamos esse perfil por conta da alta vivida pelo mercado interno em meados de 2010. A tendência agora é que isso venha a se manter, como estratégia permanente das montadoras, pelos recentes altos e baixos da nossa economia.”

As exportações, de fato, estão em curva ascendente, e respondem por boa parte do bom desempenho do segmento. Somente em outubro, as vendas a outros países cresceram 66,6%, com o embarque de 61,6 mil unidades. No acumulado do ano, a alta é de 56,7%, com 627,8 mil unidades enviadas ao Exterior. Para o presidente da Anfavea, Antonio Megale, é provável que, até o fim do ano, as exportações ultrapassem 700 mil unidades, o que será um recorde.

Fator que favorece o estreitamento de relações com outros países, além do maior direcionamento a eles devido ao mercado interno mais fraco, é a uniformização da estrutura dos veículos. A Volkswagen, por exemplo, adotou recentemente módulo MQB, plataforma que permite produzir mesma base para diferentes carrocerias, como o novo Polo e o sedã Virtus.

Para o coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero, o fato de a economia da Argentina, principal compradora de veículos brasileiros, com 438 mil neste ano – alta de 45% ante 2016 – estar mais estável, e o câmbio mais favorável, contribui muito ao desempenho do setor.

No contexto interno, Balistiero aponta leve melhora. “Tem havido leve alta na liberação de crédito, além dos índices mais baixos nos juros, na inflação e, consequentemente, na estabilidade econômica.”

É válido ressaltar que o auge da produção de veículos foi em 2013, quando 3,18 milhões deixaram as linhas de produção das fábricas. Para 2018, apesar da perspectiva de melhora, na concepção de Martins o cenário ainda é de incertezas por conta do campo político. “Não dá para cravar recuperação definitiva.” Para Balistiero, “a recuperação ainda é muito lenta”.
 




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