Suzana Freire ajudou Jeferson Leite (PDT) mesmo após registro do projeto de Thaina na Justiça Eleitoral
A mãe da candidata a vereadora do PDT de Diadema que teve zero voto e que é suspeita de ter sido laranja na eleição do ano passado ignorou o projeto da própria filha, Thaina Alves (PDT), e colaborou com outra campanha, a do hoje vereador Jeferson Leite (PDT). A ex-candidata é acusada de ter sido pleiteante de fachada para o partido burlar a cota de gênero quando, na verdade, era cabo eleitoral do hoje parlamentar.
Suzana Freire de Jesus Oliveira, mãe de Thaina, fez campanha para Leite quatro dias depois de o PDT registrar a candidatura da filha. O pedido para a inscrição da candidatura da pedetista foi feito no dia 30 de setembro. Em 3 de outubro, Suzana aparece em imagens viabilizando reuniões de apoio para a campanha de Jeferson e de Ronaldo Lacerda, então prefeiturável do PDT e atual secretário de Habitação do governo do prefeito José de Filippi Júnior (PT). Na antevéspera do registro de candidatura, inclusive, as duas participaram de encontros pró-Leite.
A mãe da candidata supostamente laranja, inclusive, foi assessora de Lacerda na Câmara.
Dissidentes da cúpula do PDT de Diadema ingressaram na Justiça Eleitoral acusando Thaina de ter sido candidata laranja – ela não só recebeu zero voto como declarou não ter tido uma despesa sequer na campanha – e indicando que a pedetista era, na verdade, apoiadora de Leite, que foi o único do partido que se elegeu, com 3.340 votos. Tanto Thaina quanto a mãe foram fotografadas ao lado de apoiadores de Leite e com o adesivo da campanha do pedetista colado ao corpo.
O Diário mostrou na terça-feira que na denúncia há outras evidências de que Thaina não teria sido candidata de fato. A peça traz a transcrição de mensagens de áudios enviadas por Lacerda no WhatsApp em que o ex-prefeiturável confirma que o projeto de Thaina serviu, na verdade, para garantir a presença de outros dois homens na chapa – a legislação prevê cota de 30% de candidaturas para um dos gêneros, mas esse índice é comumente destinado às mulheres. “Ou a gente colocava uma candidata mulher ou cortava dois homens (da chapa). Foi uma posição que a gente tomou para manter a chapa, (para) não tirar esses dois companheiros”, teria dito Lacerda ao ser questionado pelo ex-tesoureiro do partido Luciano Justi sobre a investigação do MPE (Ministério Público Eleitoral) a respeito do desempenho de Thaina nas urnas.
Presidente do PDT durante a eleição, Roberto Holanda chegou a afirmar ao Diário que Thaina explicou ao MPE que desistiu de disputar, embora o partido não tenha dado baixa no sistema de registros de candidatura da Justiça Eleitoral. Caso o fizesse, teria de cortar outros homens da chapa para garantir a proporcionalidade de gênero. Hoje rachado com Lacerda, Holanda alega que nem sequer sabia que Thaina havia sido candidata e é um dos que patrocinam a denúncia contra o próprio partido que comandou até meses atrás.
Ao Diário, Jeferson Leite explicou que não participou da formatação da chapa e que segue tranquilo, a despeito de o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) recomendar a cassação de toda a chapa, inclusive dos eleitos, caso fique comprovada a existência de candidaturas laranjas.
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