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Morador de casa em árvore, ‘Jabá’ recusa ajuda da Prefeitura

Morador de casa em árvore, ‘Jabá’ recusa ajuda da Prefeitura

Bia Moço
Do Diário do Grande ABC
04/08/2018 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


O morador de rua Luciano Gomes Ferreira, 32 anos, conhecido como Jabá, afirmou depender de ajuda para sair dos vícios no crack e álcool, e que precisava de ocupação, como oportunidade de emprego e moradia. No entanto, não aceitou ofertas da Prefeitura quando procurado pela equipe de abordagem social da administração. Conforme reportagem publicada pelo Diário no último domingo, Jabá mantém o sonho de ter casa na árvore, o qual comemora ter quase conseguido realizar, com a moradia que construiu em uma das margens do Córrego Lauro Gomes, na região do núcleo Sacadura Cabral.

“Não quero sair da minha casa e perder aquilo que tanto sonhei (a casa na árvore). A ajuda que preciso não é essa que a Prefeitura vem e oferece, de nos (viciados) internar em clínica de reabilitação ou levar para o abrigo. Não é isso que espero”, ressaltou o morador de rua.

Jabá reforça que o abrigo ofertado pela administração municipal não comporta a quantidade de pessoas que necessitam de ajuda. “Lá, (abrigo) podemos (moradores de rua) tomar banho, comer e dormir. E no dia seguinte? Ficamos na rua. Fora que, além de não ter capacidade para atender todas as pessoas, famílias e mulheres não conseguem espaço. Que tipo de ajuda pensam (Prefeitura) que nos dão? Não é isso que resolve o problema.”

Ele acredita que internação em clínica de reabilitação piora o quadro do viciado. e que o correto seriam conjuntos habitacionais, acompanhamento terapêutico e oportunidade de emprego, que ele chama de “assistida”. “Não adianta dar trabalho para o cara usar o dinheiro com droga. O buraco é mais embaixo. A assistência deveria ser muito mais eficiente. A Prefeitura trabalha para inglês ver, porque não estão realmente preocupados em nos ajudar”.

MAIS CASAS

O espaço utilizado por Jabá para construir moradia serviu de exemplo para mais pessoas que vivem em situação de rua. Após sete dias, a equipe de reportagem do Diário voltou ao local e flagrou, um quarteirão antes, mais dois barracos construídos à beira do córrego que percorre a Avenida Lauro Gomes, que liga os municípios de Santo André e São Bernardo.

JUSTIFICATIVA

A administração ressalta que não é da natureza da política de assistência social a retirada de pessoas em situação de rua sem consentimento, e que somente pode atuar pelo convencimento, sensibilização e oferta do serviço. Por isso, não retirou Jabá.

Diferentemente do que ele pede, o serviço de abordagem social ofereceu os serviços do Centro POP (Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua) para higiene pessoal, alimentação, pernoite no albergue, acompanhamento técnico para construção de projeto de vida e encaminhamento para tratamento de saúde.

O Centro POP também oferece a oportunidade de reinserção no mercado de trabalho, por meio da inscrição em cursos de capacitação e no CPETR (Centro Público de Emprego, Trabalho e Renda).

Em nota, a Prefeitura salienta que o caso de Jabá está sendo acompanhado de forma conjunta pelas equipes do Centro POP, do Consultório de Rua e da Secretaria da Saúde, “visando a sensibilização do munícipe e o acompanhamento da saúde do mesmo”. 




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