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Procura por imóvel usado tem retração na região
Paula Cabrera
Do Diário do Grande ABC
14/08/2010 | 07:04
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Depois de cinco meses seguidos de alta, o mercado de imóveis usados teve em junho sua primeira queda de vendas no ano. Na comparação com maio, a baixa foi de 26,44% no Grande ABC, segundo dados do Creci/SP (Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo), queda maior do que na Capital e no interior. Apesar do recuo, a situação não assustou imobiliárias, que afirmam que o ritmo de vendas segue forte.

Segundo integrantes do setor, nem mesmo a procura frenética por novos empreendimentos tem prejudicado a venda de usados. "Muita gente compra imóvel em construção como investimento. Mas nos imóveis usados, os juros são os mesmos e você já pode pegar o bem na hora. São públicos totalmente distintos", defende o gerente de vendas de uma grande empresa de São Bernardo, Augusto Magalhães, que conta que sua firma não cresceu em junho, mas também não teve queda. "Ficamos no zero a zero", avalia.

Já o diretor comercial de uma grande imobiliária em São Caetano, Silvio Coelho, acredita que é exatamente a busca pelos imóveis novos que auxilia o setor de usados. "Cada vez que aumenta o número de lançamentos, aumenta também a oferta de usados e há público para isso, não temos o que temer", avalia ele, que diz que a empresa registrou em junho procura 15% maior do que em maio.

Apesar do otimismo da maioria das empresas, o gerente de vendas, João Limeira dos Santos, atesta que sua imobiliária sentiu a queda de junho e sofre para manter os bons números. "Todos querem comprar novo, ter aquela coisa de acertar todos os detalhes da casa conforme sua preferência e outra: os empreendimentos novos têm a possibilidade do comprador pagar parcelas intermediárias menores até a entrega da chave e início do financiamento. Isso acaba fazendo com que percamos alguns clientes na disputa", explica.

PREÇO
Apesar de a procura ter sido menor, os preços dos imóveis usados seguem salgados. Desde o ano passado, a alta nos custos foi de cerca de 30%. A procura por casas e apartamentos segue quase empatada na região e os consumidores buscam preços médios de até R$ 160 mil.

"Apesar do aumento, os preços ainda são mais atraentes do que de lançamentos e isso pode ser diluído nas parcelas para que o cliente nem sinta. Sem contar, claro, que a mudança pode ser imediata."(Paula Cabrera)

 

Busca por aluguel também registra queda em junho

A locação de imóveis residenciais também teve desempenho negativo no Grande ABC em junho. O recuo ficou em 8,83% no mês em relação ao mês anterior e motivo - segundo imobiliárias da região - foi a Copa do Mundo.

"A Copa influenciou, o País para e a locação sofreu com isso. Mas, mesmo assim, foi um mês bom e julho foi bem melhor e recuperou isso", avisa a gerente de locação, Simone Manfrinato Andreta, que diz que em junho sua empresa teve queda de 30% na procura.

Anteogenes Amador, o Gallego, responsável pela locação em uma imobiliária de São Bernardo, também viu os números caírem frente aos resultados de maio. Com média de 40 imóveis locados por mês, em junho conseguiu apenas 28 novos clientes. No entanto, o gerente não acredita que o boom imobiliário e a facilidade de financiamento para aquisição da casa própria tenha papel nos números. "O valor real do imóvel para compra aumentou de 40% a 60%. Uma casa que antes custava R$ 60 mil, não sai por menos de R$ 180 mil. Um apartamento popular custa em torno de R$ 130 mil. Isso faz com que a procura por locação siga forte."

Gallego confirma que junho foi exceção à regra, apontando que apenas nos 13 primeiros dias de agosto 45 imóveis já foram locados por sua empresa.

O empresário Milton Casaria avalia que o Grande ABC passa por momento de expansão e que junho, normalmente, é um dos meses mais fracos para o segmento, o que não atrapalha o desenvolvimento em relação ao ano passado, por exemplo. "Normalmente junho e julho são meses de mudanças, as pessoas mudam de escola, estão de férias na metade do ano. O mercado está aquecido em relação ao ano passado e assim continuará", diz.

A maior procura na região segue sendo de casas com dois dormitórios e sobrados, seguida por apartamento com dois quartos, com preços médios de até R$ 800 mensais.

 

Apesar de recuo, vendas neste ano superam 2009

Apesar de de junho ter mostrado queda de 26,44% em relação ao mês de maio deste ano, os números foram 15% melhores do que do mesmo período de 2009, segundo dados da Caixa Econômica Federal. De acordo com as imobiliárias da região, os dados confirmam que a expansão do setor seguirá firme até o fim do ano.
"Não há o que temer. O Grande ABC passa por mudanças e é alvo hoje de investidores, tanto para espaços comerciais quanto residenciais. Isso deve continuar por um tempo", avalia o empresário Milton Casari.

Ainda segundo dados da Caixa, o aumento real na movimentação de recursos no Grande ABC foi de 39% relacionada aos imóveis usados, fato ligado, principalmente, à alta dos preços dos imóveis. O trâmite para aquisição de financiamento de imóvel usado no banco é o mesmo para quem procura um novo.




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