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Cine pornô realiza festival à parte em Cannes
Do Diário do Grande ABC
18/05/2000 | 13:19
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A baía de Cannes separa dois universos opostos, mas que têm seus fas: a subida das escadas do Palácio dos Festivais, com sua elegância e seu desfile de estrelas do cinema, e a muito menos noticiada festa do cinema pornô, que tem suas próprias estrelas.

As grandes estrelas internacionais do pornô foram quarta-feira à noite no Hotel Casino de Cannes-Mandelieu, onde se realizou a tradicional cerimônia de entrega dos prêmios ``Hot de Ouro', encontro obrigatório do gênero.

Longos vestidos com generosos decotes e saias com fendas, tecidos brilhantes, cores fluorescentes, saltos altos e cabelos platinum blonde, as atrizes pornô sao aplaudidas, aclamadas por um público entusiasmado, e sem se fazerem rogar adotam poses sugestivas para que seus fas possam fotografá-las.

Como em Cannes, a chegada se faz de carro, mas aqui os Ferrari e os Porsche substituem os sóbrios Renault oficiais do Festival.

A chegada das mais famosas estrelas do cinema pornô, como Illona ou Angela Tiger, desencadeia gritos histéricos do público que as barreiras de segurança conseguem mal conter.

O aparecimento de uma ``starlette' apenas com uma reduzida tanga, no balcao do hotel, provoca uma virada geral de todos os olhares. Um pouco retirados da multidao, dois aposentados, câmara de vídeo na mao, nao perdem um só segundo do espetáculo.

No espaço reservado à imprensa, trajes inesperados, como os fotógrafos escoceses de kilt, substituíram os rigorosos smokings obrigatórios para a subida das escadas do Palácio dos Festivais.

O mundo do cinema ``hard' se reúne ao redor de mesas estendidas para um jantar de gala considerado um acontecimento na regiao. A surpresa do chef: um preservativo em cada prato, obséquio aos convidados.

Acompanhado por sua mulher, o mais famoso gala do pornô, Rocco Siffredi, faz parte da assistência. O ator italiano, convidado já do Festival Internacional do Filme, do outro lado da baía, por seu papel en ``Romance', declara: ``No festival, me sentia como uma ave que pousa numa ilha que nao lhe pertence. Aqui, ao contrário, estou na minha ilha'.

Seja como for, para Siffredi nao há a menor confusao de gênero entre as duas manifestaçoes. ``Nós nao fazemos cinema, embora alguns de nós se considerem cineastas'.




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