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Dib quer lideranças econômicas nos debates sobre as obras do trecho sul do Rodoanel-Sul
Daniel Lima
Do Diário do Grande ABC
22/01/2005 | 15:17
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O prefeito de São Bernado, William Dib (PSB), presidente do Consórcio Intermunicipal, quer a participação de lideranças econômicas locais nos debates sobre o trecho Sul do Rodoanel, obra que tangenciará o Grande ABC. O encontro está programado para 14 de fevereiro e contará com a presença do secretário de Transportes do Estado, Dario Rais Lopes, coordenador do projeto designado pelo governador Geraldo Alckmin.

Dib vai consultar os demais prefeitos da região para encaminhar convites aos dirigentes de associações comerciais e industriais, do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) e da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

A realização de encontros entre prefeitos e dirigentes empresariais da região deveria ser rotina se o Consórcio Intermunicipal não se tivesse consolidado como clube fechadíssimo dos Executivos que comandam as prefeituras da região. Mas é provável que estejam agonizando os tempos de distanciamento entre governos municipais e empreendedores na definição de medidas que possam dar rumos à economia do Grande ABC.

Maior liderança política da região depois das eleições de outubro do ano passado, quando conquistou 76% dos votos válidos em primeiro e único turno massacrante contra Vicentinho Paulo da Silva (PT), William Dib é o interlocutor preferencial do Grande ABC no governo Geraldo Alckmin. Não só preferencial, mas também respeitado.

Tanto que a recondução de debates sobre o trecho Sul do Rodoanel se deve à firmeza com que William Dib se portou na última quinta-feira, ao tomar conhecimento do anúncio do governo do Estado de que os 53 quilômetros da obra que corta Santo André, São Bernardo, Mauá, Ribeirão Pires e Diadema seriam encolhidos radicalmente para apenas nove quilômetros.

Dib reage – O prefeito de São Bernardo ficou contrariado porque entende que a redução do trajeto transforma o Rodoanel em espécie de interligação da avenida Papa João XXIII, em Mauá, e a via Anchieta, em São Bernardo. Um presente de grego porque o tráfego adicional gerado pela ramificação do Rodoanel provavelmente levaria ao caos o trecho da via Anchieta. Os 44 quilômetros encolhidos inicialmente pelo governo do Estado são um percurso indispensável para que a projetada produtividade logística do Rodoanel seja preservada. Afinal, interligará a via Anchieta à rodovia Régis Bittencourt, ponto exato em que se complementaria ao trecho Oeste, já construído. Um drible da vaca no complicadíssimo trânsito urbano entre o Grande ABC e a capital.

A reação de William Dib foi tão providencial que o governador Geraldo Alckmin recuou da decisão de encurtar o Rodoanel Sul. O argumento do governo do Estado se prenderia à escassez de recursos para garantir até o final de seu mandato, em 2006, a integridade do trecho.

Foi o secretário Dario Rais Lopes que anunciou que os R$ 340 milhões disponíveis pelo governo estadual seriam suficientes apenas para nove quilômetros. A pressão de William Dib levou a assessoria de imprensa do Palácio dos Bandeirantes a informar na seqüência que Geraldo Alckmin vai estudar outras formas de financiamento da obra. A modalidade PPP (Parceria Público-Privada) aprovada recentemente pelo Congresso Nacional é alternativa cuja lentidão burocrática colide com o calendário do mandato do governador.

O tempo que separa o encontro com o secretário de Transportes do Estado é providencial. Será a primeira reunião ordinária do conjunto dos sete prefeitos do Grande ABC no Consórcio Intermunicipal. A projeção de mudança significativamente emblemática no relacionamento com a comunidade econômica se apresenta como importantíssima. William Dib deverá sacramentar na prática uma recomendação da Fundação Getúlio Vargas que integra o relatório final de propostas à reestruturação do Consórcio de Prefeitos: que a sociedade regional em suas diferentes expressões participem da instituição. Ou seja: que o Consórcio Intermunicipal seja de todos que têm o que oferecer em colaboração, não apenas dos prefeitos.

Proposta prevista – A orientação da Fundação Getúlio Vargas não é a descoberta da pólvora, porque há muito se recomenda que o Consórcio de Prefeitos precisa ser uma via de mão dupla com a sociedade regional. Por mais que a restrição tenha sido condenada ao longo dos anos, a intransigência prevaleceu. Idealizador do Consórcio, Celso Daniel admitiu bem antes de morrer que pretendia ver a comunidade instalada no Consórcio Intermunicipal.

Embora em princípio resistisse a assumir o comando do Consório Intermunicipal, William Dib resolveu postular o cargo dois dias antes das eleições, há duas semanas. Para isso foi preciso que Kiko Adler Teixeira (PSDB), prefeito de Rio Grande da Serra, abrisse mão de uma candidatura previamente eleita. Kiko Adler faz parte da rede de prefeitos mais próximos de William Dib e do governo do Estado, enquanto os petistas João Avamileno e José de Filippi Júnior, de Santo André e de Diadema, trafegam pelo governo federal.

Ao lado de Clóvis Volpi (PV), prefeito de Ribeirão Pires; de Diniz Lopes (PL), prefeito interino de Mauá, e de José Auricchio Júnior (PTB), prefeito de São Caetano, Adler Kiko reforça as relações de liderança de William Dib tanto no ambiente regional quanto nas demandas junto ao governador Geraldo Alckmin.

A postura de William Dib favorável ao chamamento de lideranças comerciais e industriais do Grande ABC, entre outros possíveis convidados inclusive da esfera legislativa local, estadual e federal com raízes na região, contrasta com o exclusivismo de Maria Inês Soares (PT), então prefeita de Ribeirão Pires e presidente do Consórcio Intermunicipal até dezembro último.

Maria Inês conduziu de forma desastrada os debates sobre a prometida Universidade Pública Federal no Grande ABC. Chegou ao ponto de praticamente excluir os representantes de segmentos econômicos dos primeiros encontros que definiriam o perfil do investimento educacional que continua a constar dos planos do governo Lula da Silva, mas não contemplará as necessidades do Grande ABC nesta temporada porque está à espera da reforma universitária.



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