Calor intenso eleva procura e margem de lucro do produto, que encarece
Os consumidores estão insatisfeitos com os preços dos ventiladores. Reclamam que estão mais caros. Porém, os termômetros de rua, que bateram na casa dos 40° nesta semana, pesaram mais. Mesmo sem aprovar os valores, as famílias os estão desembolsando para adquirir os produtos.
Sorte de quem já conseguiu comprar, pois a tendência é de que o preço fique ainda maior. Com o excesso de demanda, há inflação natural. E o varejo, após resultado ruim no fim do ano, tem aproveitado para ganhar margem de lucro nos itens que agora estão vendendo mais, caso dos ventiladores, explicou o especialista em varejo da FIA (Fundação Instituto de Administração) Nuno Fouto. “Se o calor intenso continuar, a coisa se estende mais. Ou seja, a tendência é de que os preços continuem subindo.”
Fouto opinou ainda que é possível que o varejo tenha sido pessimista e apostado baixo no verão. “Portanto, o que normalmente acontece, em um segundo pedido para a indústria, é que os lojistas acabam exagerando. Muitas pessoas já compraram os ventiladores e não comprarão mais. E os preços, com muita oferta, acabarão caindo quando o calor der um refresco.”
O advogado Wellington França, 31 anos, e sua mulher, a dona de casa Cristiane França, 32, se precaveram contra a inflação. Pesquisaram para driblar os preços altos e, ontem, compraram três ventiladores por R$ 70 cada. “Como o escritório do meu marido é em casa, precisamos de mais aparelhos”, disse Cristiane. Com a aquisição, a casa ficará com seis ventiladores e um circulador de ar. “O calor está demais. Os (equipamentos) que estão em casa não deram conta.”
A dona de casa Maria José Silva, 34, comprou ontem um ventilador por R$ 120. “Tenho um já, mas tenho dois quartos em casa e precisava de mais um. Acho que paguei muito caro, mas foi o melhor preço que achei”, reclamou. Para a dona de casa Adriana Cavalcante, 33, os lojistas estão exagerando nos preços. “Eu queria um ventilador grande, pois esse sei que é bom. Tive que comprar, mesmo sendo caro.” Ela desembolsou R$ 120, mas avisou que se conseguir emprego neste ano, vai comprar um ar-condicionado.
“Está tudo muito caro. Eu queria pagar até uns R$ 70 por um bom aparelho”, avisou a operadora de caixa Robelia Santos Bonfim, 27, que estava pesquisando preços.
“Ultimamente os preços estão muito abusivos. Comecei a dar uma olhada nas lojas há dois meses, mas até agora não achei (um mais em conta)”, disse a dona de casa Maria José dos Santos, 52, que procura ventilador para a filha.
BRIGA - A encarregada geral Patrícia Marques e a gerente Alessandra Rodrigues, ambas da Maisvaldir do Centro de São Bernardo, revelaram que os clientes, no sábado, disputaram ventiladores da loja e até discutiram. “Enquanto um estava indeciso, o outro escolheu a última peça do modelo, quase teve briga”, disse Patrícia. Alessandra lembrou que, nesse dia, enquanto o caminhão descarregava os equipamentos para abastecer a loja, a clientela fazia filas para adquirí-los. “Em média vendemos 100 peças por dia. No sábado, foram 260, contando com os circuladores também.”
Até loja de bijuterias tem o produto para vender. Na Princesa Bijoux, na mesma cidade, a vendedora Luciana Yan calculou que tem vendido, em média, dez ventiladores por dia. “A procura é intensa”, diz ela, que tem produtos a R$ 70.
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