Economia Titulo Fim das operações
Ford anuncia fechamento da planta de São Bernardo

Montadora possui, ao todo, cerca de 2.800 colaboradores; trabalhadores entraram em greve

Do dgabc.com.br
19/02/2019 | 16:06
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Claudinei Plaza/DGABC


Atualizada às 18h45

A montadora Ford anunciou que irá encerrar a produção na planta de São Bernardo ao longo deste ano. A informação foi divulgada nesta terça-feira (19). Ao todo, são 3.000 colaboradores na planta da região, sendo mais de 2.000 no chão de fábrica. No entanto, funcionários do setor administrativo devem continuar no local, uma vez que a sede brasileira da montadora será mantida na cidade. Os trabalhadores saíram às 15h da empresa e decretaram greve até terça-feira da semana que vem, quando deverá haver uma nova reunião com a Ford.

De acordo com a montadora, o fechamento se dará devido ao fato de a Ford deixar de atuar no segmento de caminhões na América do Sul. “Como consequência, a empresa encerrará as operações de manufatura na fábrica de São Bernardo ao longo de 2019 e deixará de comercializar as linhas Cargo, F-4000, F-350 e Fiesta assim que terminarem os estoques”, disse em nota.

Ainda segundo a Ford, a decisão de deixar o mercado foi tomada após vários meses de busca por alternativas, que incluíram a possibilidade de parcerias e venda da operação. “A manutenção do negócio teria exigido um volume expressivo de investimentos para atender às necessidades do mercado e aos crescentes custos com itens regulatórios sem, no entanto, apresentar um caminho viável para um negócio lucrativo e sustentável.”

No comunicado, Lyle Watters, presidente da Ford América do Sul, afirmou que tem conhecimento do impacto do fechamento da planta na região para os funcionários. "Sabemos que essa decisão terá um impacto significativo sobre os nossos funcionários de São Bernardo e, por isso, trabalharemos com todos os nossos parceiros nos próximos passos”.

HISTÓRICO
O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC vinha discutindo o cenário com a empresa desde 22 de janeiro, quando foi cobrada da direção da empresa a retomada das discussões sobre investimentos na planta e o futuro da unidade, conforme previsto no acordo firmado em março de 2017. A principal queixa da entidade é a de que, desde então, essas conversas ainda não tinham acontecido, e em novembro termina a validade da negociação coletiva – e, com ela, a estabilidade dos trabalhadores. Para pressionar, desde então foram realizadas assembleias internas, com cada uma das áreas, em pequenas paradas diárias, e reunião com a presidência da Ford estava prevista para ocorrer nesta semana, no entanto, o sindicato foi surpreendido hoje com a informação.

Há anos o sindicato pedia que fossem trazidos à planta da região novos produtos, já que hoje a fábrica da região produz apenas o New Fiesta – modelo com giro menor, devido ao elevado preço de entrada, R$ 54.690, quase o valor do topo de linha do Ka manual, feito em Camaçari, na Bahia –e três modelos de caminhões. “Acordo construído em 2017, válido até novembro deste ano, previa este período para negociações e, até agora, não há nada efetivo, nenhuma sinalização por parte da direção. De lá para cá, mais de 1.000 trabalhadores saíram em PDV (Programa de Demissão Voluntária) e aposentadorias. Portanto, já houve esforço do sindicato e dos trabalhadores para viabilizar a planta”, assinalou o presidente do sindicato, Wagner Santana, o Wagnão, ao Diário, no fim de janeiro. “Nenhuma planta se sustenta com um só modelo, ainda mais de um que não tem vida longa, como a própria empresa já anunciou. É urgente retomar a discussão para a vinda de novos projetos e aportes.”

Para Wagnão, essa indefinição colocava em risco os empregos da planta, que já passou por PPE (Programa de Proteção ao Emprego), ao reduzir jornada de trabalho e salários, e fusão das linhas de carros e caminhões. “Sabemos que esse setor sozinho não sustenta a unidade, até porque a Ford mundial já disse que é um mercado que não interessa muito a ela. O que garante emprego é investimento.”

Em dezembro, o Diário questionou o vice-presidente de assuntos corporativos da Ford, Rogelio Golfarb, sobre o futuro da unidade em São Bernardo, e da possibilidade de mais um modelo de carro ser produzido na região. Ele então afirmou que a montadora estava em processo de definir plano para a fábrica. “Estamos trabalhando nisso, em procurar alternativas para que os produtos tenham mais competitividade. Estamos em processo de trabalhar por boas notícias, e o sindicato sabe disso”, disse.

Leia reportagem completa na edição desta quarta-feira (20).




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