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Soldados franceses e manifestantes se enfrentam na Costa do Marfim
Do Diário OnLine
Com AFP
08/11/2004 | 15:51
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Os militares franceses enfrentaram de novo nesta segunda-feira, em Abidjan, milhares de manifestantes que os acusam de tentar derrubar o presidente da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo.

Milhares de pessoas tentaram furar o cordão de segurança em torno do Hotel Ivoire, isolado por cerca de 50 veículos blindados franceses destinados a proteger seus compatriotas.

Os soldados franceses dispararam para o alto para tentar dispersar os manifestantes, que, convocados pela rádio oficial marfinense, protestavam contra a presença francesa no setor, situado a 1 km da residência presidencial.

O chefe do Estado-Maior do Exército marfinense, o general Mathias Dué, seguido por grande número de autoridades locais, participou nesta segunda-feira de uma reunião de crise, assim como o presidente do parlamento, Mamadou Koulibaly.

"Nós decidimos caminhar para a calma para que as atividades econômicas sejam retomadas", declarou Koulibaly. "Estamos de acordo de que devemos deixar os militares franceses retirarem seu pessoal."

A França, por sua vez, fez questão de garantir que não tem nenhuma intenção de se meter nos assuntos do governo de Laurent Gbagbo.

"O efetivo militar francês Licorne tem por objetivo garantir a segurança da comunidade expatriada e de alguns habitantes da capital econômica marfinense para que não sejam vítima de agressões e pilhagens", afirmou o chefe do contingente no local, o general Henri Poncet.

Até o final da manhã, a situação continuava tensa entre os militares franceses e manifestantes. Em função das ‘informações’ da rádio oficial, os manifestantes disseram que estavam convencidos de que os militares franceses preparavam-se para um golpe de Estado contra Gbagbo.

O presidente francês Jacques Chirac reiterou nesta segunda-feira que o único objetivo da ação francesa na Costa do Marfim é garantir a segurança dos cidadãos franceses. O presidente Gbagbo, alvo de fortes pressões internacionais, pediu calma neste domingo à noite. "Ele convocou de novo a população a manter a calma e pediu a todos os manifestantes que voltassem a suas casas", declarou a televisão.

Na intervenção, o chefe de Estado, que não controla mais o sul do país desde a rebelião de setembro de 2001, justificou sua decisão de bombardear posições rebeldes de 4 a 6 de novembro, violando os acordos de paz de janeiro de 2003.

Ele acusou o outro lado de não ter cumprido esses acordos ao desrespeitar o prazo para se desarmar fixado no dia 15 de outubro. Gbagbo declarou que seu país "não pode continuar sendo por mais tempo refém de uma rebelião que não sabe o que quer (...). Portanto, decidi atuar para liberar o país e restaurar sua unidade."

Nove soldados franceses da força de interposição Licorne morreram e 38 ficaram feridos no sábado, num bombardeio da aviação governamental marfinense, ao qual a França respondeu. A resposta provocou desde sábado violentas manifestações, agressões e saques contra interesses e cidadãos franceses, em particular em Abidjan.

Paris afirmou nesta segunda-feira que não tinha notícias de dois franceses residentes na Costa do Marfim, depois dos atos de violência do final de semana.

Cerca de 1.200 estrangeiros, a maioria francesa, reuniu-se nesta segunda-feira em um acampamento militar francês de Abidjan. Vinte clientes de um grande hotel da cidade saqueado pelos manifestantes se refugiaram neste domingo em um barco de pesca do grupo Saupiquet, que foi para o mar, informou nesta segunda-feira a empresa francesa.

Os confrontos entre manifestantes favoráveis ao presidente Laurent Gbagbo e as forças francesas em Abidjan deixaram mais de 410 feridos no domingo, anunciou nesta segunda-feira o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICR) em um comunicado.

"No domingo à noite, mais de 410 pessoas foram atendidas com ferimentos leves ou graves", vários feridos por armas de guerra, afirmou a CICR em um comunicado que cita autoridades dos hospitais da cidade.

"O número de mortos continua sendo aproximado, mas teme-se que seja ainda maior", acrescentou a entidade, que reclamou que a milícia conhecida como ‘jovens patriotas’ tem atrapalhado a ajuda humanitária. O presidente sul-africano, Thabo Mbeki, na direção rotativa da União Africana (UA), que tenta achar uma solução para a crise marfinense, pode ir ao país nesta terça-feira, segundo seu porta-voz.

Nesta segunda-feira à tarde, Madri anunciou que planeja retirar seu efetivo de 210 homens da Costa do Marfim.




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