Israel levantou por completo nesta sexta-feira um bloqueio de oito semanas contra o Líbano, após o posicionamento de uma força naval internacional temporária encarregada de impedir o fornecimento de armas para a milícia xiita libanesa do Hezbollah.
Navios franceses, italianos e gregos começaram a patrulhar no litoral libanês esperando a chegada, daqui a duas ou três semanas, de uma frota alemã que assumirá o setor marítimo da Finul (Força Interina das Nações Unidas). "O bloqueio naval do Líbano foi levantado", afirmou Miri Eisin, o porta-voz do primeiro-ministro de Israel Ehud Olmert.
Na noite de quinta-feira, Israel já havia levantado seu bloqueio aéreo, mas havia prolongado o bloqueio marítimo por causa de problemas jurídicos de definição da missão da força naval temporária.
"A força naval da ONU dirigida pela Itália assumiu a responsabilidade do setor em coordenação total com o exército israelense, e aplicará o embargo sobre as armas destinadas ao Hezbollah", destacou Eisin.
Este embargo é previsto pela resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU, que acabou, em 14 de agosto, com um conflito devastador de mais de um mês entre Israel e o Hezbollah. A guerra havia sido deflagrada pelo seqüestro de dois soldados israelenses pelo movimento xiita.
A resolução 1701 também estipulava o reforço da Finul e o levantamento do bloqueio israelense instalado em 13 de julho.
A força naval temporária pode contar com pelo menos duas unidades italianas, entre as quais o porta-aviões Garibaldi, duas fragatas francesas e uma fragata grega.
Apesar das garantias recebidas sobre o exercício de um controle internacional nos portos e aeroportos libaneses, Israel declarou manter seu "direito à autodefesa" e avisou que trabalhará para que seja aplicado o embargo sobre as armas na fronteira entre Líbano e Síria.
Já nesta sexta-feira, no dia seguinte ao levantamento do bloqueio aéreo, várias companhias retomaram seus vôos diretos para Beirute. Um primeiro vôo da Air France Paris-Beirute pousou na capital libanesa. O ministro francês dos Transportes, Dominique Perben, estava a bordo. Perben foi ao Líbano para reafirmar o desejo francês de participar da reconstrução do país.
O exército israelense deve finalizar sua retirada total do sul do Líbano daqui no dia 22 de setembro, para o Ano Novo judeu, de acordo com a TV pública israelense. Soldados libaneses também se instalaram no setor, pela primeira vez em décadas. Eles entraram nesta sexta-feira em Yarin, a menos de 2 quilômetros da fronteira entre Israel e Líbano.
Daqui a 15 dias, cerca de 5 mil homens suplementares da Finul reforçada estarão postados no sul do Líbano, segundo a ONU. Um novo contingente de 300 soldados franceses é esperado neste sábado em Beirute. A Finul reforçada deve contar com 15 mil homens no total.
O ministro israelense da Defesa, Amir Peretz, confirmou, durante um encontro com o chefe da diplomacia alemã, Frank-Walter Steinmeier, em Jerusalém, que Israel pretendia retirar todas suas tropas do Líbano daqui a duas semanas.
Peretz também considerou que Berlim poderia desempenhar um "papel importante" em um eventual intercâmbio de prisioneiros permitindo a libertação dos dois soldados israelenses capturados pelo Hezbollah. A libertação dos dois militares é um dos pontos da resolução 1701 que ainda não foi aplicado.
Além do ministro alemão, Israel recebeu na noite de quinta-feira e nesta sexta-feira os chanceleres italiano, Massimo D'Alema, e russo, Serguei Lavrov, antes de receber, na noite de sábado, o premiê britânico Tony Blair.