Aliado incondicional do republicano George W. Bush no conflito no Iraque, Blair poderia inclusive se beneficiar de uma mudança na orientação política nos Estados Unidos e suas conseqüências sobre a crise no Iraque.
"Em termos de política interna, uma vitória de John Kerry seria mais fácil" para o primeiro-ministro britânico, explicou o especialista em relações internacionais da London School of Economics, Lorde William Wallace. E é provável que se sinta profundamente aliviado, acrescentou.
Apesar do apoio de Blair ao presidente americano no Iraque - para onde a Inglaterra enviou 8,5 mil homens e está encarregada do sul do país, o que inclui Basra, a maior cidade xiita - Bush não lhe fez nenhuma concessão, lembra Lorde Wallace.
Desse ponto de vista, "um segundo mandato de Bush pode resultar embaraçoso" para Blair. As posições do republicano sobre a crise iraquiana não facilitam a busca de uma solução, e o Exército americano é alvo quase cotidiano das ações da resistência e dos grupos terroristas estrangeiros no país.
Entretanto, Lorde Wallace destaca que uma vitória de John Kerry "não facilitaria" as coisas ao nível internacional, e sobretudo no que diz respeito ao conflito israelense-palestino, mais próximo a outros países europeus.
Esse especialista lembra que o governo americano, e principalmente quando é democrata, assim como a opinião pública, apóia tradicionalmente Israel, independentemente do partido esteja no poder.
"Tony Blair demonstrou que é capaz de levar adiante de forma pragmática suas relações com qualquer um que esteja na Casa Branca", opinou a especialista em relacionamento Europa-Estados Unidos na Universidade de Cambridge, Julie Smith.
O chefe de governo britânico manteve uma relação muito estreita com o presidente americano anterior, Bill Clinton, democrata assim como Kerry, cujo partido é mais próximo ao Trabalhista.
Para Tony Blair "seria mais fácil trabalhar com John Kerry que com as pessoas que se opuseram à guerra" desde o começo, apesar de estar "claro que já não haverá uma relação tão estreita como a que manteve com Bush (...), marcada pela guerra no Iraque", afirmou a especialista.
Visto de Londres, capital da Inglaterra, ou o restante da Europa, "um governo Kerry seria preferível, (mas) a continuação de um governo Bush seria o melhor para Blair", acrescentou Smith.
De qualquer maneira, mesmo que Kerry deseje trabalhar com as Nações Unidas e negociar uma solução (para a crise), a situação no Iraque se desgastou tanto que será muito difícil que consiga", acrescentou. A grande questão do momento é como continuar lá sem provocar mais represálias, concluiu.
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