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Quanto custam, quanto rendem

Um sábio jornalista, Ricardo Sérgio Mendes, passou anos como repórter de Assembleia Legislativa para O Estado de S.Paulo

Carlos Brickmann
05/07/2009 | 00:00
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Um sábio jornalista, Ricardo Sérgio Mendes, passou anos como repórter de Assembleia Legislativa para O Estado de S.Paulo. Ninguém, como ele, conhecia o regimento interno; ninguém, como ele, conhecia políticos, a política, os acertos que lubrificam o funcionamento da Casa das Leis. Uma de suas máximas: quanto mais luxuoso o prédio do Legislativo, menos útil o Legislativo é. Exemplificava: na Câmara dos Comuns, em Londres, não há sequer cadeiras para todos os parlamentares. Já o Soviete Supremo, que não mandava nada, era um luxo só.

Ricardo Mendes continua tendo razão. Um levantamento da Transparência Brasil mostra que um congressista americano recebe, entre verbas e salários, menos da metade do que é pago a um brasileiro. O estudo completo está em www.excelencias.org.br/@carga.php?carga=docs/CustosCongressistas.pdf.

Mas adiantemos alguns detalhes: o parlamentar brasileiro ganha mais que o colega de países mais ricos, como o alemão, francês ou britânico. Considerando-se a renda por habitante, o brasileiro ganha mais que o de qualquer país do Primeiro Mundo. O senador recebe o equivalente à renda total (PIB per capita) de 83 habitantes; o deputado, de 68. O deputado americano recebe o equivalente à renda total de 32 habitantes. O brasileiro ganha mais, também, que os colegas latino-americanos. Um senador chileno recebe o equivalente à renda de 26 habitantes - menos de um terço do que é pago ao senador brasileiro. E isso é só o legal: contando parentes nomeados, auxílios indevidos, essas coisas, o céu é o limite.

NÃO É BEM ASSIM
A notícia de que o senador Marco Maciel, do DEM de Pernambuco, poderia ser o candidato de consenso à Presidência do Senado, se José Sarney renunciasse, é correta: se Sarney tiver de sair, Maciel, político experiente, com trânsito em todas as áreas e livre de acusações de corrupção, pode começar a arrumar a Casa. Mas não deve ser levada a sério a história de que, para convencê-lo a aceitar o cargo, lhe teria sido prometida a nomeação para o Supremo Tribunal Federal. Maciel tem quase 69 anos e os ministros do Supremo se aposentam aos 70. A idade-limite para nomeação é de 65 anos (e por isso o ex-ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, profissional respeitado e ligado a Lula, não foi para lá).

E COM O NOSSO DINHEIRO!
O PR (de Anthony Garotinho, Sandro Mabel e Inocêncio Oliveira, e que engloba o Prona, do falecido Enéas) está na TV, usando seu horário gratuito. Tudo bem; só que o horário gratuito fora da época eleitoral existe para que o partido mostre suas alternativas, seus planos de governo, suas ideias para o País. E o PR usa o horário para promover um concurso de criação do logotipo do partido, com prêmio de R$$ 10 mil para o vencedor. Afinal, o horário é para discutir ideias ou divulgar concursos?

TÃO BONZINHO...
O presidente Lula anistiou os estrangeiros que vivem irregularmente no Brasil (cerca de 50 mil pessoas) e criticou os países ricos que criam dificuldades para os imigrantes ilegais. "Julgo que os países mais ricos devem ter um enfoque solidário na questão da migração", declarou o presidente. E está certo.

... TÃO CRUEL...
Mas como ele encara um caso concreto? Trata-se de Chong Jin Jeon, imigrante coreano, casado com brasileira, com três filhas brasileiras, há muitos anos no Brasil. Teve divergências comerciais com a maior empresa coreana, a Hyundai; e foi condenado à prisão na Coréia. O governo coreano pediu sua extradição. O governo brasileiro o prendeu. Claro que por coincidência, logo após a Hyundai se comprometer a investir US$ 500 milhões para fabricar veículos no Brasil, Chong Jin Jeon foi extraditado.

...E TÃO INGÊNUO
Os coreanos, que se comprometeram a descontar da pena os anos de prisão em nosso País, agora dizem que sua legislação não prevê esse desconto. Por outra coincidência, depois da extradição de Chong Jin Jeon, a Hyundai alegou crise e suspendeu os investimentos no Brasil. Nosso governo sabe que o imigrante não foi bem tratado. E continua quieto.




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