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Partidos tradicionais da Colômbia sofrem derrota histórica
Das Agências
11/03/2002 | 09:41
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Os partidos tradicionais colombianos sofreram neste domingo uma histórica derrota nas eleições legislativas, diante de movimentos independentes de direita e de esquerda, em uma votação que se realizou em relativa calma, apesar da difícil conjuntura de violência atravessada pelo país.

O declive dos partidos tradicionais, o liberalismo (majoritário) e o conservadorismo (oficialista), se evidenciava nos cálculos da projeção do Novo Senado, quando faltavam contar 5,7% dos votos: o liberalismo obtinha 30 cadeiras (contra 56 na eleição de 1998), enquanto que o conservadorismo obtinha 13 contra as 17 na eleição passada.

Este resultado significa que nem mesmo somando suas cadeiras os dois partidos que dominaram a política nacional desde o século XIX conseguiriam controlar a maioria simples da câmara alta.

A primeira conseqüência deste fato foi a renúncia do presidente do Partido Conservador, Carlos Holguín, decepcionado com os resultados de sua coletividade.

Segundo os analistas, a abstenção ficará em torno dos 55%, frente aos 56,2% registrados em 1998.

O dia eleitoral para escolher 102 senadores e 166 representantes (câmara baixa) foi dominado pelo ex-ministro de Estado e antigo prefeito de Medellín (noroeste) Luis Alfredo Ramos, um dos expoentes da direita local, que obtinha 212.203 votos, e o ex-chefe da antiga guerrilha nacionalista do M-19, Antonio Navarro Wolff, independente de esquerda, que obtinha 208.367 votos.

Navarro, um congressista que há mais de uma década foi vítima de um atentado com granada que o atingiu na perna e afetou seu sistema vocal, era seguido por outra figura da direita, Germán Vargas Lleras (205.588), segundo o Registro do Civil (tribunal eleitoral).

Apesar de Ramos ser de origem conservadora e Vargas ser de origem liberal, ambos coincidiram no apoio ao candidato presidencial independente de direita Alvaro Uribe, amplo favorito nas pesquisas para vencer nas eleições do próximo dia 26 de maio.

As eleições apresentaram uma inédita preferência dos eleitores pelas opções mais distantes do centro: entre os primeiros em votação, figuraram líderes da direita uribista (Mario Uribe, Enrique Gómez e Rafael Pardo, além de Vargas e Ramos), enquanto que, pela esquerda, apareceram, além de Navarro, o ex-juiz Carlos Gaviria e o sindicalista e antigo guerrilheiro Luis Alberto Gil.

Outra mostra desta preferência é a eleição em Bogotá, para a câmara baixa, do ex-guerrilheiro Gustavo Petro, em contraste com Cali (terceira cidade do país), onde teve êxito o ex-militar Jaime Canal, direitista que enfrentou publicamente o presidente Andrés Pastrana depois que este o ordenou, em novembro passado, a suspensão da perseguição contra os rebeldes do ELN.

Para a candidata presidencial independente, Noemí Sanín, no Congresso eleito este domingo "há novas figuras, o que garante que se vai poder fazer uma reforma política".

O analista político Pedro Medellín assinalou que "se está marcando uma clara preferência dos cidadãos pelas opções distintas dos partidos".

As eleições para escolher 268 congressistas são celebradas apenas 18 dias depois que o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) romperam um processo de paz que realizavam, depois do que o grupo rebelde lançou uma ofensiva de violência que fez as autoridades temerem pela sorte do processo eleitoral.

Mas os incidentes que se registraram em vários pontos do país não ofuscaram o resultado eleitoral geral, segundo as autoridades civis e militares nacionais, e também segundo a missão de observadores da Organização dos Estados Americanos (OEA), cujo chefe, o argentino Santiago Murray, classificou a eleição de "festa cívica".

Para o ministro do Interior colombiano, Armando Estrada, "os colombianos derrotaram a guerrilha porque, apesar da sabotagem, foram às ruas para votar".




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