Processo para contratar professores para disciplinas de Relações Étnico-Raciais compara apartheid, nazismo e sionismo
Representantes do Coletivo Negro Vozes e o reitor da UFABC (Universidade Federal do ABC), Klauss Capelle, selaram ontem compromisso para não alterar mais nenhum tópico do edital 145/2016, destinado para contratação de professores para disciplinas da área de Relações Étnico-Raciais. A publicação, que foi alvo de críticas por parte da Conib (Confederação Israelita do Brasil) por comparar apartheid, nazismo e sionismo, sofreu na semana passada retificações que não passaram por aprovação dos alunos. O fato gerou desconforto entre a reitoria e grupo estudantil.
Publicado no fim de junho, o edital, que prevê a contratação de quatro professores para atuarem na área de Relação Ético-Raciais, é antiga reivindicação dos alunos. O objetivo era que o tema fosse incluído na grade curricular como uma forma de combater o racismo, fornecendo aos jovens embasamento sobre o tema.
Durante um ano, grupo estudantil realizou série de reuniões com a reitoria da universidade para debater a implantação do projeto até a abertura do concurso público, no mês passado.
Entretanto, dias após o edital ser publicado no Diário Oficial da União, um dos itens do documento foi alvo de questionamentos. Em um dos tópicos, no qual eram descritas as subáreas, a universidade descreveu que o docente teria que abordar “Conexões da branquidade e dos regimes racistas: apartheid, nazismo, sionismo”.
A comparação dos três últimos termos usados na publicação foi criticada durante encontro entre Fernando Lottenberg, presidente da Conib, e o ministro da Educação, Mendonça Filho.
Após pressão do governo federal, a UFABC optou, na última semana, em retirar as palavras apartheid, nazismo e sionismo do edital. Em nota, a instituição disse que “retificação, providenciada após ouvir os autores do texto original, corrige uma parte do edital que tratou no mesmo contexto regimes políticos e acontecimentos históricos muito diferentes entre si”.
A decisão unilateral acabou motivando encontro entre o grupo estudantil e a universidade para debater o tema mais uma vez. Representantes do Coletivo Negro Vozes afirmaram ontem que a reunião foi uma maneira de garantir o andamento do edital. “Eles nos disseram que irão soltar uma nota pública sobre o assunto e darão andamento ao edital, prevendo que o processo seja concluído ainda neste ano para que, já em 2017, as aulas dessas disciplinas tenham início”, relata a estudante Isis Mustafa, 19 anos.
A UFABC reafirmou que o concurso continua aberto e reforçou postura de estrita neutralidade político-partidária, reiterando compromisso com a excelência acadêmica em ensino, pesquisa e extensão.
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