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Ronaldo de Castro diz que era refém de pedidos ‘não republicanos’

Ex-vereador aponta requisições de benesses por parte da Universal, que nega acusações: ‘Descabidas’

Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
20/07/2021 | 00:17
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André Henriques/ DGABC


Ex-vereador de Santo André com alcunha de bispo da Igreja Universal, Ronaldo de Castro (PSDB, na oportunidade filiado ao PRB) registrou, em ação civil, acusações de que, à época do mandato, era refém de pedidos “não republicanos” da instituição. Desligado da denominação religiosa desde 2017, o ex-parlamentar, conforme revelado pelo Diário, moveu processo por reparação de danos morais e materiais. Na peça, o tucano requer o pagamento de indenização de R$ 230 mil, ao apontar, entre outros aspectos, exigência a que ele fizesse procedimento cirúrgico de vasectomia.

“Em submissão total à requerida, foi indicado pela ré a ser o candidato a vereador pela instituição em acirrada eleição para a Câmara desta comarca, sendo eleito pela heroica militância, cumulando mais uma função, agravando ainda mais o seu estado de saúde e o que é pior, tendo que se submeter à interferência dos dirigentes na condução da esfera política, passando a ser refém de várias situações, entre elas, a de conseguir benesses à instituição, conforme se verifica pelos diversos e-mails anexos, em atos não republicanos e amoral”, pontua o ex-vereador, no documento.

Os supostos e-mails anexados ao processo aparecem sob sigilo. Nos autos, Ronaldo destaca que foi indicado pela Universal a ser vereador na cidade e “fomentar os projetos políticos sociais pautados em reuniões”. Logo na estreia nas urnas, em 2012, o então bispo obteve 4.165 votos. Quatro anos mais tarde, na eleição de 2016, ampliou o apoio, alcançando 4.611 sufrágios. No ano passado, já fora da entidade, recebeu 889 adesões. Ele relatou que frequentava a instituição desde 1989, mas “jamais poderia esperar o trágico desfecho de uma confissão pessoal, que, contudo, trouxe à baila o porão da igreja”. Apesar disso, Ronaldo passou quase a íntegra do segundo mandato rompido com a Universal e, mesmo assim, jamais expôs as supostas pressões recebidas.

Ronaldo sustentou, ainda, que, após deslize pessoal, foi obrigado a renunciar ao cargo de bispo e de todas demais funções pastorais e até mesmo à sequência futura de vereador, “o que não concordou”. Relatou perseguição. Em primeira instância, o juiz Alexandre Zanetti Stauber, da 4ª Vara Cível, decidiu pela incompetência do juízo, remetendo os autos à Justiça do trabalho. A defesa do ex-parlamentar, no entanto, protocolou, no começo de julho, recurso no TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) na tentativa de reverter o caso.

A Universal alegou que todas as acusações do ex-oficial da Igreja “são descabidas”. Nos autos, a instituição assegurou que, em 2011, o bispo foi quem demonstrou interesse em participar da vida política, se filiando ao PRB para concorrer ao cargo de vereador. Negou a existência de qualquer manipulação psicológica, exigência física e emocional em demasia dos ministros. E apontou também, em termos jurídicos, litigância de má-fé no processo, considerando que o autor agiu, voluntária e conscientemente, de forma desleal e maldosa para atingir o objetivo da ação. 




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