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Vendas de fogos caem até 70%

Copa do Mundo de futebol e eleições decepcionaram os comerciantes, que já esperavam resultados mais fracos para o Ano-Novo

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
30/12/2014 | 07:19
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Orlando Filho/DGABC


Além das chuvas dos últimos dois dias, o pessimismo das famílias em relação à situação econômica do País e das próprias finanças da família, e as incertezas em relação à manutenção do emprego, podem deixar a noite da virada do ano menos iluminada. Na região, os comerciantes de fogos de artifício têm visto redução nas vendas que chegam, em faturamento, à queda de até 70% em relação ao mesmo período de 2013.

A situação, porém, foi considerada como previsível pelos empresários da pirotecnia. Neste ano, dois momentos passaram bem abaixo do esperado no que diz respeito às vendas de fogos: a Copa do Mundo de futebol e as eleições. “Ninguém está querendo gastar”, avaliou a proprietária da Snoopy Fogos, de Diadema, Adriana Melo.

Ela revelou que em sua loja a movimentação está bem menor do que nessa época no ano passado. O dia 29 sempre se mostrou como forte para a comercialização de fogos de artifício, afirma a empresária, que está no ramo da pirotecnia há 18 anos. “Em todo esse tempo eu acho que esse é o pior ano de todos.”

Em faturamento, Adriana revelou que a média diária de vendas apresentou, aproximadamente, decréscimo de 70% em relação ao mesmo período de 2013. “No ano passado, nesta data, eu já tinha vendido R$ 50 mil no dia”, lembrou. Ontem, no fim da tarde, ela estimava que não ultrapassaria os R$ 15 mil em comercializações.

O proprietário da Lafaiete Fogos de Artifício, de Mauá, Lafaiete Rodrigues da Silva, estimou que as vendas para o Ano-Novo acumularão, em sua loja, retração de 30%. “Não sei bem se o interesse está muito fraco (por falta de intenção de comemorar a virada) ou se é por falta de dinheiro mesmo.”

Silva recordou que a demanda para o Natal em seu estabelecimento foi bem inferior em relação à mesma data em 2013, com queda de 50%. “Na Copa do Mundo já começou ir mal. Depois, nas eleições, foi um fracasso. E continuou ruim”, explicou o comerciante. Ele disse que a procura maior, em sua loja, está em produtos picados e mais direcionados às crianças, como biribinha ou bombinha. “Até os rojões de 12 tiros estão saindo pouco.”

O empresário Marcos Antônio Silva, o Pirata, também lamenta o movimento de ontem em sua loja em São Caetano. “Nessa hora, o normal seria estar com cinco clientes aqui no balcão e dizer que não poderia conversar. Mas estamos em seis, jogando conversa fora aqui, porque está bem parado”, brincou.

Pirata avalia que as vendas até ontem estavam mornas, mas prevê que de hoje até o fim da noite de amanhã deverá melhorar, o que deverá gerar faturamento estável em relação ao mesmo período do ano passado.

No entanto, o vendedor de São Caetano destacou que os clientes de compras grandes, normalmente baterias de fogos com preços aproximados a R$ 1.000, deixaram de lado as comemorações. “Alguns para os quais eu liguei disseram que não vão passar com a família toda, ou já estão na praia, e que não vão comprar neste ano.”

Segundo Pirata, os itens mais caros que vendeu são as baterias de fogos pequenas, que custam entre R$ 100 e R$ 150, que lançam fogos durante cerca de 20 segundos, e as caixas de rojões de 12 tiros, de R$ 20.

Ele lembrou ainda que o resultado da Copa do Mundo neste ano também foi bem abaixo do esperado. “Eu sou de 1958. Achava que o Brasil nunca perderia a Copa neste ano, pois já perdeu uma no País. Então investi bastante e sobraram produtos até agora.”

Adriana, da Snoopy, garantiu que a partir de 2015 dará início a uma campanha publicitária mais agressiva para compensar a situação que os empresários de fogos enfrentam na região.

TRIBUTOS - Conforme levantamento do IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação) neste ano, a carga tributária representa 61,56% dos preços dos fogos de artifício, principalmente por ser considerado produto supérfluo. 




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