Em quatro legislaturas, cidade registrou curtos períodos sem crises
As brigas jurídica e política em torno do impeachment do prefeito de Mauá, Atila Jacomussi (PSB), mostram que o fantasma da instabilidade segue assombrando o Paço mauaense. Há 15 anos, a cidade assistia ao primeiro episódio da série de crises políticas que o município vem registrando há uma década e meia.
Em 28 de outubro de 2004, a três dias do segundo turno, a Justiça Eleitoral de Mauá cassou o registro da candidatura de Márcio Chaves (na época do PT, hoje no PSD). Então vice-prefeito, ele era o candidato do petismo à Prefeitura, venceu o primeiro turno do pleito, mas teve o projeto barrado por abuso do poder econômico. O revés se deu porque o governo do então prefeito Oswaldo Dias (PT) fez propaganda irregular do petista em uma tenda montada no Centro da cidade, batizada de Túnel do Tempo.
Na época, o caso virou impasse jurídico e a cidade foi governada provisoriamente durante 11 meses pelo então presidente da Câmara, Diniz Lopes (ex-PL, hoje PSB). Até que, em dezembro de 2005, Leonel Damo (ex-PV, hoje sem partido), que ficou em segundo lugar no primeiro turno, foi declarado prefeito.
De lá para cá, a cidade conviveu com curtos períodos de estabilidade. Na eleição seguinte, de 2008, Oswaldo Dias (PT) venceu e retornou ao comando da Prefeitura. Quatro anos mais tarde, foi a vez do petista de experimentar um revés. Com receio de ver o projeto do então prefeito à reeleição ser barrado na Justiça eleitoral, petistas de Mauá deram golpe em Oswaldo e escolheram Donisete Braga (hoje no Pros), então deputado estadual, como candidato ao Paço – foi eleito no segundo turno.
Foi a partir da gestão de Donisete que se iniciou o fortalecimento político de Atila. Como retribuição ao apoio dado no segundo turno, Donisete alçou o hoje prefeito ao comando da Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá). No cargo, Atila passou a asfaltar a vitoriosa campanha a deputado estadual, em 2014. Os dois se enfrentaram na briga pelo Paço em 2016 e Atila levou a melhor, no segundo turno, com 64,47% dos votos.
A derrocada de Atila, porém, não demorou muito. Em maio de 2018, com apenas um ano e quatro meses de gestão, foi preso pela primeira vez pela Polícia Federal, acusado de fraudar licitações da merenda e material escolares – ele nega. Reverteu a detenção cerca de um mês depois, mas ficou proibido de retornar ao cargo. Nesse ínterim, a cidade passou a ser governada pela vice-prefeita Alaíde Damo (MDB). Inexperiente na política, a emedebista seguiu leal ao socialista até meses depois, quando Atila voltou a ser preso, em dezembro. Em fevereiro, o socialista retomou a liberdade e o cargo, mas é cassado em abril. Em setembro, conquistou liminar anulando o impeachment, mas seguiu lutando nos tribunais da cidade para concluir o mandato.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.