As conclusões publicadas na semana passada por uma comissão multipartidária presidida pelo Lord Robin Butler criticaram a qualidade das informações dos serviços secretos britânicos sobre o arsenal iraquiano, apesar de a comissão considerar que Blair não era responsável por essas falhas.

Nesta terça-feira, Blair foi alvo de outro interrogatório sobre a questão do Iraque durante um debate na Câmara dos Comuns dedicado especialmente ao relatório Butler.

Nossas informações "mostravam de forma absolutamente clara que tínhamos perfeito direito de regressar às Nações Unidas e dizer que Saddam Hussein representava uma ameaça permanente", garantiu Blair. "Estava absolutamente claro que (Saddam) tinha toda a intenção de continuar fabricando essas armas, que estava procurando materiais para fazer isso e que, por exemplo, no âmbito dos mísseis balísticos, ia muito além do que estava permitido pelas Nações Unidas", insistiu.

Tony Blair acrescentou que a intervenção militar no Iraque, que os deputados aprovaram em março de 2003, era "uma decisão acertada". No entanto, o relatório Butler deu lugar na semana passada a um princípio de "meia culpa" do premiê diante dos deputados. "As provas sobre as armas de destruição em massa de Saddam eram na realidade menos verdadeiras e menos fundadas do que então foi dito", admitiu Blair uma hora depois da divulgação desse relatório de 200 páginas.

Segundo as últimas pesquisas, a maioria dos britânicos acreditam que o primeiro-ministro mentiu sobre a questão do Iraque.

No relatório governamental preparado pelos serviços de inteligência e publicado em setembro de 2002, Londres afirmou que o regime iraquiano dispunha de armas de destruição em massa que podia ativá-las num prazo de 5 minutos. O relatório Butler concluiu que essa afirmação "não deveria ter figurado dessa forma".