Continuidade, ao que parece, é uma palavra que não existe no vocabulário de muitas federações, que têm como norma contratar e despedir treinadores.
Apenas quatro técnicos, que atuaram na Copa do Mundo da Coréia do Sul e Japão - 2002, estarão à frente das mesmas seleções neste Mundial alemão, que começa em 9 de junho próximo.
O treinador da Inglaterra Sven-Goran Eriksson, o da Suécia Lars Lagerback, o dos Estados Unidos Bruce Arena e o brasileiro Alexandre Guimarães da Costa Rica, são os quatro únicos sobreviventes.
Os que trocaram de camiseta são o brasileiro Luiz Felipe Scolari, que depois de ganhar o Mundial nipo-sul-coreano assumiu o comando técnico de Portugal. Roger Lemerre trocou a França pela Tunísia, o holandês Guus Hiddink a Coréia do Sul pela Austrália, e Henri Michel que irá à frente da Costa do Marfim, depois de estar na Tunísia em 2002.
O sueco Eriksson dará fim a seu reinado de cinco anos e meio como técnico da Inglaterra após o Mundial, apesar de seu contrato ir até 2008. Mas, depois de ter dado uma embaraçosa entrevista a um falso xeque árabe (um repórter disfarçado), foi pressionado pela Federação Inglesa de Futebol (FA) a renunciar.
"É importante destacar o comprometimento com nosso sucesso neste Mundial. Ganharemos", ressaltou Eriksson.
O sueco era um dos principais técnicos estrangeiros em 2002. Mas o que aconteceu com os outros?
Há quatro anos, o holandês Guus Hiddink conduziu a Coréia do Sul até as semifinais. Mas, expirado seu contrato, voltou ao PSV Eindhoven. Desta vez, Hiddink estará na Alemanha, porém à frente da Austrália que, pela segunda vez, disputará um Mundial e coincidentemente no mesmo país do primeiro.
'Felipão' Scolari, depois de conquistar o pentacampeonato para o Brasil ao vencer a Alemanha por 2-0 em Yokohama, decidiu aceitar uma proposta dos dirigentes portugueses e partiu para Europa. Na direção do selecionado português chegou à final da Eurocopa - 2004 e classificou Portugal para o Mundial alemão como primeiro de seu grupo eliminatório.
Rudi Voller foi aclamado herói depois que a seleção alemã chegou à final de 2002, mas caiu com a derrota para os brasileiros. Agora é diretor de esportes do Bayer Leverkusen.
Jurgen Klinsmann, campeão com a Alemanha em 1990 na Itália, substituiu Voller após a desastrosa Eurocopa-2004, na qual a Alemanha não ganhou uma partida sequer.
Outros três antigos campeões - Itália, França e Argentina - também têm novos treinadores.
Giovanni Trapattoni continuou no comando da Itália, apesar da eliminação na segunda fase de 2002, mas não resistiu à péssima campanha na última edição da Eurocopa. Os italianos foram eliminados na primeira fase, e foi obrigado a entregar o cargo a Marcello Lippi.
A França campeã de 1998 despediu Roger Lemerre após fracassar na defesa do título no último mundial. O cargo foi entregue a Raymond Domenech.
Argentina era um dos favoritos que falhou feio em 2002 e seu técnico Marcelo Bielsa foi substituído dois anos depois por José Pekerman.
Quantos dos atuais técnicos seguirão no cargo até o Mundial-2010 da Africa do Sul? Não muitos, se se confirmar a tendência.
O Japão estava com o francês Philippe Troussier no último Mundial. Agora vai à Alemanha sob a direção do ídolo brasileiro Zico, que tem muitas esperanças. "Podemos chegar às semifinais, mas derrotar a Austrália em nosso primeiro jogo é crucial", afirmou Zico.