Economia Titulo
Famílias cultivam consciência financeira
Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
01/09/2011 | 07:05
Compartilhar notícia
Claudinei Plaza/DGABC


Dentro da renda média das famílias do Grande ABC, 7,8% são compostos por rendimentos financeiros, aluguéis e segunda atividade ou bico. Portanto, se o faturamento, em média, nos municípios da região é de R$ 3.057,85, R$ 238,51 são de ganhos extras. Parece pouco, mas para os especialistas é reflexo de consumidores conscientes.

Em média, os moradores da região têm outros 25,3% da renda formados por transferências governamentais. São recursos gerados por aposentadorias, pensões, seguros-desemprego, programa Bolsa Família e outros repasses do governo. Por fim, as atividades principais das pessoas ficam responsáveis, em média, por 66,9% do faturamento.

Os dados são da Pesquisa Socioeconômica do Instituto de Pesquisa da Universidade Municipal de São Caetano.

O professor da área econômica e financeira da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Antonio Carlos Alves dos Santos avaliou que 7,8% provenientes de rendimentos e outras formas de geração, que não seja a principal atividade, podem demonstrar aspecto cultural da população da região de consciência financeira. "Se pensarmos que um dos componentes é a poupança, como parcela da renda, é porque as pessoas estão economizando, aumentando o dinheiro, para comprar automóveis à vista por exemplo", opinou.

Santos destacou que o cenário econômico positivo do Grande ABC estimula que o trabalhador tenham confiança no emprego e planeje a compra de um bem poupando dinheiro. "E se for um segundo imóvel, por exemplo, gera mais renda", garantiu.

A moradora de Diadema Ludicilda Teixeira Fidélis, 63 anos, se encaixa no grupo que tem parte da renda gerada por aluguel do segundo imóvel. Ela herdou propriedade residencial próxima à estação do Metro Conceição, em São Paulo, e reparte o valor tanto em economias quanto em lazer. "Eu gasto o dinheiro com o aluguel de uma casa no Interior, na qual vou com a minha mãe a cada 15 dias. E quando sobra, coloco na poupança", contou.

Ludicilda ainda não aposentou, mas seu marido paga as contas com a aposentadoria e o salário. "Ele não parou não. Aposentou há dez anos, mas continua trabalhando", brincou.

O educador financeiro Mauro Calil lembrou que mesmo com outra renda, o consumidor que desejar enriquecer ou ampliar as reservas para a aposentadoria não pode esquecer uma regra. "Não basta ganhar mais, é necessário gastar menos para enriquecer", orientou.

Sobre guardar dinheiro São Caetano entende. É a segunda cidade do País em aplicação per capita (R$ 9.000) na poupança.

 

Resultado reflete alta no emprego regional

Em relação aos resultados da pesquisa do Inpes/USCS de 2009 e 2010, o percentual da renda média gerado por outras fontes, de 7,8%, caiu. Há dois anos ele estava em 9,3%. E em agosto de 2010, último levantamento daquele ano, ficou em 8,7%. No entanto, o coordenador do instituto, Leadro Prearo, explicou que a redução é mais relacionada ao aumento dos outros componentes, como a receita da atividade principal e das transferências.

"É bem possível que tivemos, no decorrer desses anos, muitas pessoas que deixaram de fazer bico porque conseguiram um emprego. Então deixaram de contribuir com outras fontes de rendimento, na média, e passaram a agregar na renda proveniente do trabalho", explicou o especialista.

O levantamento do Inpes/USCS aponta que em agosto de 2009, primeira coleta de dados para o Grande ABC, o trabalho gerava 66,6% da renda média familiar. Após um ano, o resultado caiu para 65,2%. E em fevereiro, subiu ao topo da série histórica com 66,9%.

Prearo disse que o resultado em números relativos, ou percentual, não apresenta os valores reais. Portanto é possível que em volume monetário, a parte da renda gerada pelo trabalho ou por transferências tenha engordado muito e os outros rendimentos tiveram manutenção, mesmo com a perda de contribuição.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;