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Com medo, internauta faz menos downloads de músicas
Do The New York Times
06/01/2004 | 00:45
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  Com que facilidade os usuários de serviços de downloads de arquivos pela Internet se assustam? Muito facilmente. Pelo menos é o que mostra uma nova pesquisa, segundo a qual o número de pessoas que baixam arquivos de música pela Internet caiu pela metade, e o número dos que fazem downloads diariamente caiu cerca de 75% desde o meio do ano passado. Os números são de um relatório divulgado nesta segunda pelo Pew Internet and American Life Project.

A redução é verificada poucos meses depois que a RIAA (do inglês Associação da Indústria Fonográfica Americana) processou usuários acusados de oferecer um grande número de músicas para download. “Claramente, as ações da RIAA tiveram o efeito de um balde de água fria sobre os internautas”, disse o diretor do projeto Pew Internet, Lee Rainie, referindo-se aos processos em nome das majors da indústria fonográfica.

Em uma pesquisa com 1.358 internautas, realizada de 1º de março a 20 de maio de 2003, 29% disseram já ter baixado música pela rede mundial. O número caiu para 14% quando a pergunta foi feita entre os dias 18 de novembro e 14 de dezembro do mesmo ano, depois que centenas de pessoas foram processadas pela indústria fonográfica por acusações de infração aos direitos autorais.

Na primeira pesquisa, 4% dos usuários disseram baixar arquivos diariamente; apenas 1% na segunda pesquisa afirmou a mesma coisa. Daqueles que ainda compartilhavam músicas e outros arquivos, um em cada cinco disse ter reduzido o número de downloads devido aos processos movidos pela indústria.

Pesquisas recentes mostraram que muitas pessoas não entendiam que estavam infringindo os direitos autorais dos artistas baixando músicas pela Internet, disse Rainie. Apesar do abuso da indústria em suas táticas, ele acrescentou, sua mensagem parece ter finalmente sido entendida.

Antes dos processos, os entrevistadores geralmente recebiam respostas do tipo: “não achamos isso uma violação, porque só estamos compartilhando um arquivo”. Agora, afirmou Rainie, “um grande número de pessoas pensa diferentemente, em parte por causa da mensagem da RIAA”.

Embora outras evidências também indiquem queda no compartilhamento de músicas entre os usuários americanos, alguns especialistas disseram que os números da pesquisa podem exagerar a redução.

Os participantes das pesquisas, por exemplo, poderiam ser mais relutantes, diante dos processos, a admitirem que realizam uma atividade que pode colocá-los em problemas com a Justiça.

“Eu não acho que seja irracional acreditar que a maioria das pessoas tenha ouvido falar sobre os processos da RIAA e não ache uma boa idéia dizer para um estranho no telefone que baixa músicas pela Internet”, disse Cindy Cohn, diretora legal da Electronic Frontier Foundation, um grupo de liberdades civis que é contra os processos da indústria fonográfica.

Ao mesmo tempo, algumas pessoas podem ter aumentado os esforços para mascarar suas atividades on-line. Rob Glaser, chefe executivo da RealNetworks, que desenvolve tocadores de música e vídeo, suspeita que a má vontade em admitir a prática pode ter prejudicado os resultados da pesquisa.

Além disso, os grandes usuários de Internet, como os universitários, não mudaram seus hábitos significativamente. “O pensamento no campus”, afirmou Glaser, “ainda é o mesmo: ‘tanto faz’”.




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