Momentos após ocupar oficialmente o cargo de prefeito de São Paulo, José Serra já enfrentou a sua primeira e importante derrota: a presidência da Câmara dos Vereadores. O vereador Roberto Tripoli, que antes era integrante do PSDB, fez uma aliança com a oposição e foi eleito presidente da Câmara Municipal de São Paulo com respaldo do chamado ‘centrão’ — grupo formado por cinco partidos (PP, PMDB, PL, PTB e PC do B), todos opostos a Serra.

O prefeito de São Paulo tinha como candidato a presidência da Casa o tucano Ricardo Montoro, que contava com o apoio do PSB, PDT, PPS, PV e PFL. Os antigos colegas de partido de Tripoli não hesitaram em chamá-lo de traidor — acusação que logo foi rebatida: "Assumo a presidência da Câmara, independente de partido. Nem pensei em mudar de partido e poderei ficar sem partido", disse o vereador neste sábado. Momentos depois ele ficou sabendo de seu desligamento do PSDB e aceitou sem relutar.

A decisão de Tripoli de abandonar o PSDB, partido pelo qual se elegeu, ocorreu durante a votação. Como a disputa entre o bloco de apoio ao prefeito de São Paulo e o ‘centrão’ estava empatada em 27 votos e eram necessários 28 votos para eleger o novo presidente da Casa, Tripoli achou melhor mudar de ‘lado’ e conquistar o cargo por 28 votos a 26. Apesar da mudança e das acusações, Tripoli fez questão de ressaltar que a articulação de sua candidatura não foi planejada com antecedência.

Segundo Tripoli, o ‘centrão’ só o procurou na tarde de sábado, para saber se ele disputaria a presidência da Casa. Como não disputaria, ele procurou Montoro para saber se o partido tinha os 28 votos. Já que o ‘centrão’ tinha 27 votos, e 28 com o dele, Trioli avaliou a situação e resolveu mudar de lado.

Com a derrota, Serra deve encontrar dificuldades para colocar em pauta e aprovar matérias de seu interesse. Além disso, ele terá que convencer vereadores que não fazem parte de seu partido para aprovar projetos.