O presidente da Bolívia, Evo Morales, promulgou nesta quarta-feira uma lei, aprovada durante a madrugada pelo Congresso, que retira recursos das regiões para que os idosos recebam um bônus mensal, o que motivou uma greve em seis dos nove departamentos do país.

"Esta lei surgiu graças à força do povo, a força social que defende a igualdade e a justiça", afirmou o presidente ao promulgar a lei, para uma multidão de maioria camponesa que se reunia nas postas do Palácio do Governo.

A 'Renta Universal de Vejez' irá pagar mensalmente, para pessoas com mais de 60 anos, US$ 25 (cerca de R$ 45), com recursos provenientes de 30% da renda recebida pelos departamentos do IDH (Imposto Direto aos Hidrocarbonetos).

A lei está sendo questionada pelos líderes de Santa Cruz, Beni, Pando, Tarija, Cochabamba e Chuquisaca, que realizam uma greve. Morales os criticou e afirmou que eles representam as "outras forças que se organizam apenas para ter mais dinheiro e para defender seus interesses".

O benefício, denominado 'Dignidade', foi aprovado nesta madrugada em uma sessão em que não estiveram presentes os parlamentares da oposição, enquanto centenas de indígenas e camponeses cercavam o edifício para pressionar a aprovação da norma.

Morales afirmou que esse tipo de medida continuará, apesar da oposição, pois favorece as classes majoritárias que, como no caso do bônus aprovado nesta quarta-feira, "beneficiará cerca de 700 mil idosos".

"A greve em algumas regiões é contra o benefício ‘Dignidade’, é contra as mudanças, contra a nacionalização dos hidrocarbonetos; no fundo, é em defesa do modelo neoliberal que causou tanto mal ao país", declarou Morales. O presidente convidou os líderes cívicos das regiões opositoras a superar, através do diálogo, as permanentes tensões e lhes pediu que "não usem o povo para defender seus interesses".