O único padre entre os cerca de 120 integrantes do primeiro escalão das sete prefeituras do Grande ABC começa a trabalha hoje no Executivo de Santo André. Antônio Francisco da Silva, da Paróquia Nossa Senhora da Salete, largou a batina provisoriamente para assumir a Secretaria de Inclusão Social da administração do prefeito Aidan Ravin (PTB) - o anúncio oficial foi feito ontem, no Paço.

O religioso substitui Ademar Carlos de Oliveira, que se desligou da função para fazer curso fora do País - assim que retornar integrará novamente o governo petebista.

Padre Antônio, como é conhecido, deixou a igreja após 25 anos de trabalho - durante uma década à frente do templo andreense. Teve de pedir afastamento parcial do posto de pároco - pode voltar quando achar necessário - à Diocese, responsável pelas decisões sobre as igrejas católicas dos sete municípios da região.

A partir de agora, o religioso pode celebrar missas somente em outras cidades. Mas não se afastará totalmente da paróquia, pois a comunidade do Jardim Helena receberá visitas do padre Antônio como secretário de Inclusão Social.

"Estamos fazendo transição do governo (leia reportagem ao lado sobre outras mudanças). Ele já faz um grande trabalho na cidade. Muitas pessoas contestaram a saída do padre da paróquia, por analisar importante sua atuação. Mas ao invés de fazer só na igreja, esse trabalho será ampliado", justificou o prefeito Aidan Ravin sobre a escolha do pároco.

Dizendo-se "entusiasmado", padre Antônio ressaltou que irá "cumprir o planejamento traçado pela administração junto à população carente, com boa vontade".

Entre os projetos desenvolvidos na igreja que poderão também integrar a folha de tarefas da Pasta estão atividades de inclusão digital, para a terceira idade, mães que passam por dificuldades, promoção de seminários de orçamento familiar, dentre outros.

"Podemos ampliar o atendimento da Prefeitura nessas áreas, conforme a demanda for exigindo. Mas, por enquanto, estou na fase de conhecimento do trabalho. Não poderia deixar de fazer isso pela cidade", salientou o religioso, bacharel em Filosofia, Teologia (também é mestre nessa área) e Direito e aluno de Psicologia.

Sobre a mistura de religiões que terá de conviver no novo trabalho - tanto de servidores quanto de beneficiários do sistema - o piauiense foi enfático. "Fome não tem religião. Minha filosofia é aceitar o princípio religioso das pessoas. Fazer o bem e estar ao lado da Justiça vai além de qualquer credo."

Padre Antônio receberá R$ 9.200 mensais para comandar a secretaria. Indagado acerca do voto de pobreza, praticado por algumas alas da igreja, o pároco ressaltou que não assumiu esse compromisso.

"Como sacerdote, recebia ajuda de custo. Nós também adoecemos, comemos, passeamos. Vou precisar pagar aluguel e fazer outras coisas como qualquer outra pessoa", explicou o secretário, que permanecerá alguns dias na casa paroquial, "numa transição tranquila", até que outro responsável pelo templo seja definido pela Diocese.

Além da nomeação do pároco, prefeito fez outras mudanças

Além da nomeação do padre Antônio Francisco da Silva para o lugar de Ademar Carlos de Oliveira, outras mudanças foram efetuadas pelo prefeito Aidan Ravin na semana passada.

Nilson Bonome ganhou força na gestão petebista ao assumir a Secretaria de Gabinete. Ele também acumula o comando da Secretaria de Finanças.

Beto Torrado, que deixou a Secretaria de Gabinete, foi nomeado responsável da Pasta de Desenvolvimento Econômico e Trabalho, ocupada anteriormente por Vanderlei Retondo, que deixou a vida pública e voltou a atuar no ramo de consultoria.

Criticado por vereadores sobre sua atuação na articulação entre o Legislativo e o Paço, Torrado perdeu espaço na Prefeitura. Mas o chefe do Executivo depositou voto de confiança para exercer função de interlocutor com os governos estadual e federal.