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Lázaro Ramos volta às origens com a série 'Ó Paí Ó'
Márcio Maio
Da TV Press
30/10/2008 | 07:00
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Lázaro Ramos nunca se sentiu tão em casa na TV. O ator protagoniza o seriado Ó Paí, Ó, que estréia nesta sexta-feira na Globo, e que exalta sua terra natal, a Bahia. Além disso, Lázaro trabalha no programa com o grupo de teatro no qual começou a estudar interpretação, o Bando de Teatro Olodum. A volta às raízes, segundo ele, ajuda não só a melhorar profissionalmente, mas também a se manter "com os pés no chão".

"Parece chover no molhado, mas preciso estar perto disso para que meu ego não cresça. Sei que a minha realidade é diferente da dos outros atores negros no Brasil", analisa. Na série, Lázaro interpreta um cantor engajado em causas sociais que luta para viver de sua arte. Para encarnar o papel com mais intensidade, entrou em estúdio e gravou 10 músicas. "Ator tem mania de dizer que é o personagem quem está cantando. Entrei nessa onda e mandei ver, sem medo se ia ficar ruim. Facilitou meu trabalho e tornou esse processo bem mais divertido", brinca.

Você começou estudando interpretação com o Bando de Teatro Olodum. Depois de ficar famoso, voltou a atuar com o grupo no cinema e, agora, na TV. Como foi esse retorno?

LÁZARO RAMOS - Quando surgiu a oportunidade de fazer o filme, tive dúvidas se conseguiria me adaptar novamente à maneira de atuar do grupo. Eles têm um tempo de comédia diferente e que é espetacular, mas também difícil de acompanhar. Uma coisa que não é dada pela edição, vem na cena. Mas descobri que isso também permanecia em mim. Vi que levei essa característica para os outros trabalhos que fiz e talvez isso tenha agradado a ponto de eu me manter na TV. Mesmo sendo baiano e negro como eles. Ó Paí, Ó é a porta de entrada para eles experimentarem isso também.

O filme Ó Paí, Ó, que inspirou a série, não teve grande repercussão em São Paulo, que é a cidade onde é medido o Ibope nacional. Isso intimida você?

LÁZARO RAMOS - Uma parte da equipe do filme enxerga isso nos números de São Paulo, mas tivemos 383 mil espectadores. Vejo resultados de longas nacionais que não chegam a 50 mil pessoas, então acho que fizemos sucesso. Por isso não fico com medo. A série também tem outros atrativos para atrair os telespectadores.

O que a série tem que pode alavancar a audiência?

LÁZARO RAMOS - Em primeiro lugar, mais dinheiro. A estrutura é bem diferente da que a gente teve no filme. Mas não sei avaliar muito bem essas coisas. Penso que se a televisão é feita para as massas populares mesmo, esse pode ser um ótimo teste. Muitos dizem que falta cultura e espaço para explorar valores nacionais na televisão. Fico curioso para ver o que vai acontecer quando o programa estiver no ar. Acho que só depois de exibir os episódios vamos poder avaliar se o público se interessa ou não pela cultura que está fora do eixo Rio-São Paulo. O grupo tem um trabalho incrível e acredito que isso vai agradar muita gente. E o seriado não é só Bahia, existem valores ali. Fala-se sobre pirataria, vários simbolismos, casamento gay, adoção de crianças, tudo de maneira leve. Além da música.

Você gravou algumas canções para a série. Como foi?

LÁZARO RAMOS - Gravei dez músicas para o seriado, mas foi tranqüilo. Sou muito cara-de-pau. Canto como ator, sem qualquer pretensão de mudar de área. Então, o que prevalece é a interpretação das canções. Além disso, é uma música popular, que toca as pessoas. Quando você canta, consegue sentir isso também.

Mas você gostou do resultado?

LÁZARO RAMOS - Confesso que algumas músicas eu pedi para regravar. Não fiquei totalmente satisfeito, mas depois fluiu. Eu tinha a proteção do personagem. Para se sentir à vontade o ator tem mania de dizer que quem está cantando é o personagem, e tira o corpo fora. Entrei nessa onda, o que facilitou muito as coisas. No final, achei bem divertido.




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