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Coronéis assumem
Segurança municipal

Santo André, São Caetano e Diadema terão policiais
da reserva no comando da Pasta a partir de janeiro

Rafael Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
26/12/2012 | 07:00
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Metade das cidades do Grande ABC que contam com secretarias de Segurança terá coronéis da reserva da Polícia Militar como mandatários a partir de janeiro. Além de coordenar e implementar políticas públicas de prevenção e combate à criminalidade, eles também serão os responsáveis pelas GCMs (Guardas Civis Municipais).

Os prefeitos eleitos de Santo André, São Caetano e Diadema - Carlos Grana (PT), Paulo Pinheiro (PMDB) e Lauro Michels (PV) - escolheram, respectivamente, os coronéis José Luiz Martins Navarro, José Quesada e Eduardo José Félix de Oliveira (veja quadro abaixo).

Eleito em Ribeirão Pires, Saulo Benevides (PMDB) apontou Sônia Garcia como secretária de Segurança. Em Mauá, Donizete Braga (PT) manterá Carlos Tomaz, nome do atual prefeito Oswaldo Dias (PT). Reeleito, Luiz Marinho (PT) também confirmou a permanência de Benedito Mariano como o chefe da Pasta em São Bernardo.

Dos três futuros secretários, apenas Quesada foi indicação política. Retirado da corporação desde 2011, após comandar o batalhão responsável pelo policiamento de São Caetano, filiou-se ao PMDB, redigiu as propostas relacionadas à Segurança no plano de governo de Pinheiro e foi candidato a vereador. Recebeu 831 votos, mas não foi eleito.

"Claro que queria ser vereador. Mas não dependo de nenhum outro salário para minha vida particular. Tenho liberdade para decidir o que for melhor. Foi um clamor do povo e uma vontade do prefeito", disse Quesada.

Sua equipe de trabalho contará com outros policiais militares. Assim como em Santo André e Diadema. A experiência em assuntos relacionados à Segurança contou para as escolhas e a implantação de métodos de trabalho da corporação estarão na pauta. Mas Quesada nega que as nomeações representem a militarização da GCM. Ele enfatiza as diferenças e diz que o trabalho está longe de ser ostensivo. Pedirá, inclusive, a mudança no nome de sua Pasta já em janeiro.

"Sou um crítico desse termo (Segurança pública) em âmbito municipal. A palavra não é adequada. Prefiro algo como Defesa da Cidadania ou Integridade do Cidadão. Para mim é mais importante interagir com as forças oficiais do que assumir responsabilidade que são estaduais", disse.

Cientista político e professor da Fundação Getulio Vargas, Guaracy Mingardi foi sub-secretário nacional de Segurança Pública e vê que a escolha dos prefeitos eleitos pelos coronéis é um erro se apenas a patente militar tiver sido levada em consideração. "As funções não são as mesmas da polícia. Os municípios precisam saber que possuem importância muito grande no combate ao crime ao iluminar ruas e implementar medidas administrativas de auxílio", avaliou.

É o caso de Santo André. Grana anunciou a criação de Pasta específica para a Segurança, que dividia responsabilidade com o Departamento de Trânsito. E entre as medidas anunciadas está a instalação de até 30 mil lâmpadas em vias públicas. Em Diadema, Michels também prometeu em entrevistas, durante e após a eleição, fortalecer o diálogo com a Polícia Militar.

"Aqui em São Caetano as funções da Guarda Civil já são muito extensas. Nunca vamos atrapalhar a atuação tática das policias. Trabalhamos em conjunto. Repressão imediata é com o Estado. Busco a prevenção. Precisamos reeducar a guarda e mostrar a importância da sua presença na comunidade," completou Quesada.

Procurados, os coronéis Navarro e Félix não quiseram se pronunciar antes de tomarem posse.

DESAFIOS - A região conta com cerca de 2.500 guardas-civis, que ganham, em média, R$ 1.500. Os baixos salários estão no topo da lista de reclamações da categoria, que acaba recorrendo aos ‘bicos' para incrementar a renda. O trabalho extra coloca a vida dos profissionais em risco, além de não permitir o descanso.

Ações integradas voltam à pauta do Consórcio

Coordenador do Grupo de Trabalho sobre Segurança Pública do Consórcio Intermunicipal, Benedito Mariano elogiou a escolha de coronéis da reserva como seus futuro companheiros de função. "Se o enfoque do trabalho for a prevenção, pode ser a carreira que for. Que coloquem em prática o que foi apresentado no plano de governo e nos ajudem a fortalecer as agências de Segurança no papel complementar ao Estado", disse Mariano.

O secretário são-bernardense apresentará aos colegas em fevereiro - quando será realizada a primeira reunião do grupo - projeto de formalizar centro integrado de formação de guardas-civis, além da central regional de monitoramento, com rádio e sistema integrado entre as sete cidades e um portal eletrônico de vigilância em todas as entradas e acesso no Grande ABC.

As propostas são bem aceitas entre as novas gestões que tomarão posse. "São Caetano é um lugar de passagem. Temos de trabalhar em conjunto. Não é um trabalho isolado", disse o coronel José Quesada.

Ao menos a presença de ex-policiais militares pode ajudar o Consórcio em reivindicação antiga de Mariano junto à SSP (Secretaria de Estado da Segurança Pública): o aumento do efetivo da corporação na região. Atualmente são cerca de 4.000 homens nas sete cidades. Na avaliação feita pelo GT, seriam necessários ao menos mais 1.000. "Nosso efetivo está defasado. Vamos cobrar constantemente a SSP para que se aumente o número de policiais", disse Quesada.

 




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