Economia Titulo Na região
Exportações caem apesar da
valorização do dólar frente ao real

Demanda retraída em mercados consumidores no Exterior,
principalmente da Europa e Estados Unidos, justifica retração

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
06/08/2012 | 07:27
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A valorização do dólar frente ao real, que ajuda a dar mais rentabilidade aos produtos nacionais no Exterior, não foi fator suficiente para elevar as exportações do Grande ABC neste ano. As vendas ao Exterior das empresas da região fecharam o primeiro semestre com queda de 13% frente ao mesmo período de 2011, ao totalizarem US$ 3,13 bilhões, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Isso reflete o cenário de recessão em países desenvolvidos, como os da Europa e também os Estados Unidos, e mesmo nos chamados emergentes, como a América Latina, segundo o professor de Economia da Universidade Metodista, Sandro Maskio.

Dessa forma, mesmo com a taxa cambial subindo cerca de 20% - de R$ 1,70 no início do ano para R$ 2,05 nesta semana -, o que permite às companhias ganhar mais em real, pelo mesmo preço em dólar, não houve reação nas encomendas. "Melhorou o câmbio, mas o problema é que o mundo parou de comprar", cita o diretor adjunto da regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de São Caetano, William Pesinato.

Os números do ministério mostram, por exemplo, que os principais mercados de São Bernardo - cidade que representa mais de 60% do obtido com as exportações dos sete municípios - estão em retração. As vendas para a Argentina, que lidera os destinos das encomendas sãobernardenses (45% de participação), registraram queda de 7%, para o México (segundo colocado), de 10% e, para os Estados Unidos (terceiro), de 8%.

O mesmo se observa nos dados de São Caetano. Nesse caso, o mercado argentino, que corresponde a 84% do total vendido pelo município ao Exterior, recuou 38% na demanda, enquanto o México caiu 57% e os Estados Unidos, 12%.

Os dados do ministério mostram ainda que, nesses dois municípios, produtos manufaturados que tradicionalmente lideram as encomendas da região, como automóveis, caminhões e ônibus, foram afetados pela diminuição na demanda dos consumidores em outros países, por causa dos efeitos da crise de crédito na Europa.

PETROQUÍMICOS - Em Santo André, houve melhora nas vendas externas no primeiro semestre. No entanto, isso se deveu, entre outros fatores, ao crescimento das encomendas de produtos petroquímicos, como a resina polietileno (destinada à fabricação de peças plásticas), fabricada pela Braskem.

Esses itens têm demanda de indústrias da China. As exportações das empresas da cidade para esse país cresceram 311%, e hoje já respondem por 8% do total obtido com as vendas ao Exterior do município.

 

Importações também encolhem no semestre

Enquanto as exportações da região registraram queda de 13%, as importações feitas por empresas dos sete municípios recuaram 2% no primeiro semestre frente a igual período de 2011.

A retração das aquisições de itens do Exterior se explica, entre outros fatores, pela valorização do dólar e também pela desaceleração da atividade econômica do País neste ano, o que faz as empresas repensarem a intenção de fazerem investimentos na aquisição de máquinas importadas, por exemplo. "Se não estão vendendo, as empresas também não estão comprando, era pra ter caído até mais", cita o dirigente adjunto do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), William Pesinato.

SALDO - Os números do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior mostram ainda que o saldo comercial - diferença entre exportações e importações - do Grande ABC segue positivo (ou seja, as vendas ao Exterior superam as compras de outros países), mas teve queda de 57% em relação aos primeiros seis meses de 2011. É mais do que o percentual observado no superavit comercial em todo o Estado de São Paulo, que recuou 45%.

Para o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, o recuo no saldo comercial não está relacionado à falta de competitividade do produto brasileiro, mas do próprio País. "O problema não está da porta para dentro das fábricas, mas no custo elevado da energia, do gás e da logística."

Skaf relaciona outros fatores que dificultam o desempenho da indústria, como juros elevados e spreads bancários (quanto o banco paga para captar dinheiro e quanto cobra para emprestar). A somatória de tudo isso, segundo ele, prejudica muito a competitividade do Brasil e da indústria de transformação.




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