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Psoríase afeta cerca de 36,5 mil no Grande ABC

Doença inflamatória não contagiosa, enfermidade acomete em torno de 1,3% da população brasileira

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
29/10/2020 | 00:01
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Reprodução


O manobrista Silvio Luiz Paschoal, 57 anos, morador do bairro Paranavaí, em Mauá, realiza há cerca de três anos tratamento no Centro de Pesquisa Clínica da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), após notar feridas avermelhadas e que coçavam pelo corpo. Paschoal foi diagnosticado com psoríase, doença inflamatória não contagiosa que atinge cerca de 3% da população mundial. No Brasil, a prevalência é de 1,3%, de acordo com a SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia), sendo que no Grande ABC essa estimativa indica que 36,5 mil pessoas possam ter a doença.

Tomando injeções a cada três meses, em cerca de um ano as feridas pelo corpo foram sumindo e, atualmente, Paschoal não apresenta nenhum sinal visível da enfermidade. “Nunca me senti constrangido com elas nem evitei de usar roupas que apareciam. Agora, não tenho mais nada, e sigo no tratamento para que elas não voltem”, explicou o paciente. Hoje, 29 de outubro, é celebrado o Dia Mundial de Conscientização da Psoríase.

Lidar bem com a doença não é realidade para a maioria das pessoas, explica o chefe do serviço de dermatologia do Hospital Federal dos Servidores do Rio de Janeiro, Paulo Oldani. “Causa um impacto grande quando as pessoas têm lesões visíveis, muitos pacientes se escondem, têm problemas importantes de relacionamento”, afirma.

Professora da disciplina de dermatologia da FMABC, Cristina Laczynski relata que as características principais da psoríase são o aparecimento de lesões róseas ou avermelhadas recobertas por escamas esbranquiçadas, que na maioria dos casos aparecem em várias áreas do corpo, como cotovelos, joelhos ou couro cabeludo, unhas, palma das mãos e plantas dos pés, por toda a pele e nas articulações (com dor ou até mesmo artrite) – veja a diferença entre os tipos na arte ao lado.

“É uma doença cíclica, cujos sintomas desaparecem e reaparecem periodicamente. É importante destacar que a psoríase não pode ser adquirida pelo contato, mesmo íntimo, com qualquer portador da doença”, frisa a docente.

Em setembro, a Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Novas Tecnologias) recomendou ao SUS (Sistema Único de Saúde) a incorporação de um novo medicamento biológico, para tratamento da psoríase em pacientes adultos e com placas médias a moderadas. O governo federal tem 180 dias para incluir o risanquizumabe, anticorpo monoclonal de imunoglobulina humanizada. “Essa droga nova tem segurança muito boa, eficácia muito alta e o que a gente tem visto é que o custo dela não é maior do que as que já eram utilizadas, tem uma boa relação custo-beneficio”, pontua Oldani.

A professora de dermatologia da FMABC destaca que não existe uma causa definida para a doença, que é considerada de caráter imunológico e genético. “Entretanto, algumas situações podem servir de gatilho ou piorar a doença. Essas situações, sim, podem ser melhor trabalhadas, como o estresse e a baixa imunidade, por exemplo”, explica.

A doença atinge homens e mulheres indistintamente, com maior prevalência entre os 30 e 40 anos e entre 50 e 70 anos. O diagnóstico precoce é importante, para que o tratamento adequado seja indicado. “É comum as pessoas que convivem com a doença há muito tempo desenvolverem artrite e também ter perda óssea, então é importante o paciente com qualquer dor nas costas, nas articulações e inchaço, avisar ao médico”, frisa Oldani. “O dermatologista tem papel fundamental porque é o primeiro médico que faz o acompanhamento”, conclui a especialista.  




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